"Não é coincidência que o Governo tenha sido derrubado por duas forças políticas que 'piscam o olho' a Vladimir Putin", disse o ainda chefe da diplomacia italiana.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, apresentou formalmente a demissão ao chefe de Estado, após ter perdido o apoio de três partidos que apoiavam a sua coligação: o Movimento Cinco Estrelas (M5S), de Giuseppe Conte; a Liga, de Matteo Salvini; e o Forza Italia, de Silvio Berlusconi.
Di Maio, que recentemente abandonou o M5S, partido que liderou até janeiro de 2020, já na semana passada tinha avisado que Moscovo "estava a brindar" por causa da crise política em Itália.
"Agora a Europa também está mais fraca. Esta é uma crise planeada há muito tempo pelo (líder do M5S e ex-primeiro-ministro, Giuseppe) Conte", denunciou Di Maio.
Hoje, quando o país se prepara para o cenário de eleições antecipadas, o chefe da diplomacia italiana sublinhou que a queda do Governo é "o primeiro ato com o qual Conte e Salvini procuram retirar a Itália das alianças históricas, desestabilizando-a do ponto de vista económico".
Draghi tem sido um acérrimo apoiante de Kiev, desde o início da invasão russa e o Presidente Volodymyr Zelensky tem agradecido a forma como a Itália se colocou ao lado dos ucranianos.
Um dos pontos de atrito entre Draghi e o M5S foi a forma crítica como Conte tem criticado o apoio de Roma a Kiev.
A suspeição de ligações do M5S a Moscovo remontam a 2018, quando este partido chegou ao Governo italiano em coligação com a Liga de Salvini.
Nessa altura, ambos os líderes assinaram um acordo no qual, entre outras coisas, se comprometeram a lutar pela retirada de sanções europeias contra o Kremlin.
Por outro lado, é conhecida a admiração de Salvini pelo Presidente russo, Vladimir Putin, a quem elogiou publicamente em repetidas ocasiões.
Recentemente Salvini - que tem ligações a outras figuras de extrema-direita europeia, como a francesa Marine Le Pen - chegou mesmo a propor-se a viajar até Moscovo para mediar o conflito ucraniano.
Também Silvio Berlusconi é um conhecido amigo de Putin e só um mês e meio após o início da invasão é que admitiu a sua "deceção" com o líder russo.
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