EUA e Ucrânia preparam 'Plano B' para a exportação de cereais
Estados Unidos e Ucrânia estão a trabalhar num "Plano B" para garantir a exportação de cereais após o ataque russo no porto de Odessa, indicou hoje Samatha Power, administradora da Agência internacional para o desenvolvimento dos EUA (USAID).
© Ying Tang/NurPhoto via Getty Images
Mundo Ucrânia
O "Plano B" envolve percursos rodoviários, ferroviários e por rio, e o ajustamento dos sistemas ferroviários para que possam ser compatíveis com os da Europa e assim permitir exportações mais rápidas", disse em entrevista à cadeia televisiva CNN no domingo, em Nairóbi, após visitar regiões do Quénia e Somália assoladas por inundações.
"Estamos a elaborar um plano de contingência porque não podemos confiar de nenhuma forma naquilo que Vladimir Putin diz", acrescentou.
Power sublinhou que apesar das garantias fornecidas por um plano de contingência, não será melhor do que "Putin acabar com o bloqueio e os cereais saírem dos portos da forma mais eficiente possível".
A Rússia, que tem em curso uma ofensiva militar na Ucrânia desde 24 de fevereiro, bombardeou no sábado o porto de Odessa, vital para o escoamento e comercialização dos cereais ucranianos.
Estes bombardeamentos foram feitos no dia seguinte à assinatura de acordos que envolveram a Rússia, a Ucrânia, a Turquia e a Organização das Nações Unidas (ONU), para permitir a exportação de cereais a partir de território ucraniano.
A Ucrânia é um dos maiores produtores de cereais do mundo e a ofensiva russa está a gerar o risco de uma crise alimentar mundial.
Os acordos assinados na sexta-feira preveem a criação de corredores para a exportação de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia realizada na cidade turca de Istambul, com a mediação da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos similares mas separados -- já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia --, devendo o protocolo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável
Neste contexto, a responsável norte-americana disse ainda que o acordo pode funcionar" apesar de a Rússia "lhe ter virado as costas de imediato" ao bombardear o porto de Odessa.
Powel disse ainda que os preços dos cereais vão baixar caso de assegure a sua distribuição e apelou aos países que desempenham "funções de liderança no sistema internacional, como a República Popular da China claramente aspira a sê-lo", que se empenhem de forma mais consistente para impedir que a crise alimentar "se torne numa catástrofe".
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