Macron, que iniciou nos Camarões uma viagem por África no âmbito da qual visitará o Benim e a Guiné-Bissau, disse que, a pedido de Biya, os dois países planeiam ampliar a sua cooperação em matéria de segurança e defesa, especialmente no que diz respeito ao treinamento de tropas.
A bacia do lago Chade, localizada no centro-norte do continente africano, abrange sete países, principalmente o Chade, e inclui territórios da Argélia, República Centro-Africana, Níger, Nigéria e Sudão.
Por outro lado, no contexto da guerra na Ucrânia, provocada pela invasão russa, Macron tem especial interesse em alertar para a influência que a Rússia tem sobre os países africanos, uma questão que preocupa Paris, mas que, segundo o Presidente francês, deve alertar as próprias nações do continente.
A este respeito, Macron destacou o Grupo Wagner, uma empresa paramilitar privada russa, envolvida em conflitos armados e que atualmente regista uma presença crescente em África, onde conta com crescente influência na República Centro-Africana e pretende espalhar a toda a região do Sahel.
Segundo o Presidente francês, a presença do Grupo Wagner em África não corresponde a casos de cooperação no seu sentido mais tradicional e acusou Moscovo de usar estes paramilitares para fortalecer o poder de governos fracos e de juntas militares em certas partes do continente africano em troca de recursos naturais e matérias-primas.
Relativamente aos efeitos da falta de cereais, resultado dos constrangimentos provocados às exportações ucranianas pela invasão russa, Macron garantiu que a França vai ajudar alguns países africanos a aumentar a produção de alimentos.
A garantia de Macron foi feita na conferência de imprensa que deu em conjunto com Biya, e em que explicou que a guerra na Ucrânia é responsável pela escassez global de alimentos e combustíveis que está a causar "sofrimento incalculável em todo o continente".
Macron disse estar particularmente preocupado que as consequências da guerra sejam sentidas mais na África, onde a escassez de alimentos e combustível levou a aumentos de preços sem precedentes.
Nesta deslocação a África, o Presidente francês viaja acompanhado dos ministros dos Negócios Estrangeiros e das Forças Armadas e do secretário de Estado do Desenvolvimento francês.
Depois dos Camarões, Macron viaja para o Benim, país que Paris considera "cada vez mais ligado às questões do Sahel" e a deslocação termina a 29 de julho na Guiné-Bissau, país que acaba de assumir a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
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