"A CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] expressa sua profunda preocupação com o aumento das tensões sociopolíticas na Guiné e deplora os atos de violência que ocorreram em Conacri em 28 e 29 de julho de 2022, resultando em mortes, ferimentos e destruição de propriedades", refere um comunicado divulgado no seu portal na Internet.
Na nota, a CEDEAO "pede a libertação dos detidos e a rápida abertura de uma investigação sobre as circunstâncias que levaram a esses infelizes incidentes, para que os responsáveis sejam responsabilizados judicialmente".
A CEDEAO exortou ainda as autoridades da Guiné-Conacri, a classe política e a sociedade civil a "empenharem-se num diálogo inclusivo para reduzir a tensão e estabelecer um calendário e modalidades razoáveis ??para o restabelecimento pacífico da ordem constitucional".
A plataforma de oposição Frente Nacional pela Defesa da Constituição (FNDC) - formada pela sociedade civil, sindicatos e partidos da oposição - convocou protestos em 28 de julho contra a junta militar que governa o país desde o golpe de 05 de setembro de 2021, liderada pelo coronel Mamadi Doumbouya.
A FNDC justificou a manifestação com a "falta de um quadro de diálogo" entre a junta militar, os atores políticos e a sociedade civil, o "desrespeito dos direitos e liberdades dos cidadãos", a "corrupção endémica" e a falta de transparência na gestão, entre outras queixas.
Os protestos, que estão proibidos pela junta militar desde maio passado, levaram a confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes, causando pelo menos cinco mortes, segundo a FNDC.
Além disso, vários ativistas e políticos da oposição foram detidos na sequência dos protestos.
Outra formação da oposição, as Forças Vivas - formado também por sindicatos e partidos políticos e ainda organizações não-governamentais -- apelou no passado fim de semana à realização de novas manifestações a partir de 15 de agosto para exigir o regresso à ordem constitucional.
Desde 2010 e até ao golpe de setembro de 2021, a Guiné-Conacri foi governada por Alpha Condé, que em outubro de 2020 optou por um controverso terceiro mandato presidencial não permitido pela Constituição.
A Guiné-Conacri é um dos países mais pobres do mundo, mas possui um significativo potencial mineral, hidráulico e agrícola e as suas reservas de bauxite -- matéria-prima para a produção de alumínio -- estão entre as maiores do mundo.
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