ONG consideram insuficiente investigação a mortes na Amazónia
O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados na floresta brasileira, mas Jair Bolsonaro mostrou-se pouco solidário para com as vítimas.
© Getty Images
Mundo Brasil
Várias organizações não-governamentais (ONG) de direitos humanos criticaram esta terça-feira o governo brasileiro, por considerarem que este não está a fazer o suficiente na investigação das mortes do ativista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
De recordar que os dois homens foram mortos em junho, no vale de Javari, na floresta da Amazónia, enquanto investigavam atividades mineiras ilegais e o impacto nas tribos isoladas daquela região brasileira.
Segundo o jornal The Guardian, para o qual Phillips escreveu algumas das suas reportagens, oito ONG - nas quais se incluem os Repórteres Sem Fronteiras e a Associação Brasileira de Jornalismo de Invesitgação - escreveram uma carta à Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, na qual acusam o governo de Bolsonaro de "não empregar recursos suficientes para compreender todos os elementos em causa e a responsabilidade de todos os envolvidos".
As organizações também acusam o Brasil de não implementar medidas que "previnam tragédias como esta que aconteceu ao Dom e ao Bruno de ocorrerem a outras pessoas que estão ativas na região", acrescentando que as promessas de segurança feitas pelas autoridades brasileiras "não se traduziram em ações concretas".
A carta surge depois do governo brasileiro ter garantido que estava a cumprir com todas as exigências de segurança da comissão.
O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram no dia 5 de junho, quando investigavam na densa floresta da Amazónia, perto da fronteira com o Peru. Phillips estava a escrever um livro sobre a sustentabilidade da floresta, e contou com o apoio de Pereira, que trabalhou várias vezes com as tribos isoladas da região e conhecia as tribos incontactadas da floresta.
Os dois homens foram mortos a tiro perto do rio Itaquai, quando viajam para a região de Atalaia do Norte. Segundo as autoridades brasileiras, os homicídios surgiram depois de um confronto com garimpeiros ilegais, cuja presença naquela zona da Amazónia tem sido documentada por várias agências internacionais.
Depois de vários dias de buscas, com o apoio de tribos que conheciam o trabalho dos dois homens e que se mostraram solidárias com o jornalista e o indigenista, os corpos foram encontrados, enterrados na floresta. Três homens foram detidos e oficialmente acusados a 22 de julho.
Os assassinatos enalteceram a falta de reação por parte do governo de Bolsonaro, que já tinha sido avisado por organizações indígenas para a presença de gangues de pesca e exploração mineira ilegal.
Já Bolsonaro desvalorizou a morte dos dois homens, chegando mesmo a acusar Dom Phillips de ser "malvisto" e sugerindo que os homens foram mortos por piranhas.
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