"Têm um programa nuclear muito ambicioso, amplo e tecnologicamente sofisticado. É isso que têm e eu tenho de verifica-lo em todos os aspetos", afirmou o responsável da agência nuclear da ONU, encarregada de verificar se Teerão cumpre com os seus compromissos.
Em conferência de imprensa, Grossi lembrou que esse trabalho tem sido dificultado nos últimos tempos, principalmente após o Governo iraniano ter desmantelado, em junho, uma série de câmaras de videovigilância e sensores que a AIEA tinha colocado em várias instalações nucleares do país.
"Isto significa que durante um logo período, agora quase de dois meses, vimos ser significativamente reduzida a nossa visibilidade em determinadas instalações", explicou o diplomata argentino, destacando que, nesse período, podem ter sido realizadas muitas atividades que a AIEA não está em condições de confirmar.
Nesse sentido, advertiu que, se houver um consenso para reativar o acordo nuclear de 2015, será necessário que Teerão e AIEA cheguem a um acordo para verificar central por central.
"Isso adicionou outro nível de complexidade ao problema", admitiu Grossi, insistindo que "palavras bonitas não chegam" quando se discute a questão nuclear e que é necessário haver total transparência e cooperação.
Por outro lado, o chefe da AIEA evitou comentar as declarações feitas na segunda-feira pelo chefe da Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI), Mohamed Eslami, que garantiu que o país tem capacidade técnica para produzir uma bomba atómica, mas não tem a intenção de o fazer.
O acordo nuclear de 2015 limitava o programa atómico iraniano em troca do levantamento de sanções, mas, em 2018, o então presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou o programa e voltou a impor medidas restritivas ao Irão.
Teerão respondeu um ano depois com a aceleração dos seus esforços nucleares e o enriquecimento de urânio.
Desde o ano passado, o Irão negoceia indiretamente com os EUA, através de cinco outras potências envolvidas no pacto, para restabelecer o acordo atómico.
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