Segundo Gong Tao, as trocas comerciais chegaram já aos 14,42 mil milhões de dólares (14,06 mil milhões de euros) no primeiro semestre deste ano, afirmando que o comércio se mantém a bom ritmo nos primeiros seis meses de 2022, com aumento homológo de 33%, continuando a China a ser o principal parceiro económico de Angola.
O diplomata revelou que está em negociação a isenção de tarifas alfandegárias para as exportações angolanas para a China, que são liderados pelo petróleo, seguindo-se as rochas ornamentais.
Segundo o embaixador, em maio partiu para a China um cargueiro transportando 50.000 toneladas de granito tendo como destino a China, que importa também outros minerais, alumínios e cobre e produtos derivados.
Já do lado chinês são exportados eletrodomésticos, máquinas e equipamentos, bem como veículos, com os carros chineses a terem boa aceitação no mercado angolano, disse Gong Tao.
O diplomata chinês destacou que o objetivo é reforçar a cooperação e facilitar o comércio, lembrando que há cerca de dois meses foi assinado um acordo de transporte aéreo de carga, criando a rota Changsha/Luanda/São Paulo (China/Angola/Brasil).
"A China está otimista quanto ao desenvolvimento económico de Angola", frisou Tao, acrescentando que a parte chinesa está "de braços abertos para ajudar no transporte de mercadorias" e para que haja mais escolhas nos transportes de produtos chineses e angolanos.
"Angola está a ter um crescimento económico e a China com a sua população de 1.400 milhões de habitantes é cada vez mais um mercado de consumo atraente", reforçou.
Apresentou também números relativos ao investimento, salientando que entre 2018 e 2021 foram apresentados 24 projetos de investimento de empresas chinesas no valor de 225 milhões de dólares, com a China a ocupar o terceiro lugar no 'ranking' de investimento estrangeiro em Angola.
O embaixador chinês apontou as oportunidades para o reforço da cooperação na celebração do 40.º aniversário das relações diplomáticas China-Angola, em 12 de janeiro de 2023, e sublinhou que quando a paz foi restabelecida em Angola, há 20 anos, foi a China que "rapidamente estendeu as suas mãos" para ajudar na reconstrução do país africano.
Elencou as infraestruturas que a parte chinesa ajudou a construir (mais de 2.800 quilómetros de caminhos de ferro, 100 mil fogos de habitação, 20.000 quilómetros de estradas, escolas, hospitais, barragens, portos) para demonstrar que a cooperação tem tido benefícios mútuos e salientou que a China "soube compreender as dificuldades da parte angolana" e adotar uma moratória da dívida, que ascende atualmente a 21,4 mil milhões de dólares durante a fase de pandemia de covid-19.
Assinalou igualmente que nos últimos cinco anos as relações bilaterais tiveram avanços em todos os domínios, com encontros e conversas telefónicas entre os dois chefes de Estado, João Lourenço e Xi Jinping, que permitiram alcançar "importantes consensos", considerando que a parceria com Angola é um modelo da cooperação China-África.
Questionado sobre as queixas de discriminação e conflitos entre trabalhadores angolanos e empresas chinesas sublinhou que as empresas chinesas são encorajadas a dar "bom tratamento aos seus trabalhadores sejam chineses, sejam angolanos ou de outra nacionalidade".
Gong Tao disse ainda que visitou, há cerca de três semanas, a barragem de Caculo Cabaça, onde em maio eclodiu um confronto que levou à morte de, pelo menos, dois trabalhadores, para se inteirar das relações laborais com os sindicatos, que considerou fundamentais para ter "confiança" e "boa relação de trabalho".
Garantiu ainda que a China está empenhada na transferência de conhecimento e tecnologia para Angola, dando como exemplo, a Huawei que criou em Luanda um 'Office park' com centros de formação e investigação.
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