Em conferência de imprensa, Scholz lamentou que essa ligação ainda não tenha sido construída, porque agora permitiria dar uma "contribuição maciça" para o abastecimento no norte da Europa, devido à crise energética que surgiu após a guerra na Ucrânia.
O chanceler, citado pela agência Efe, acrescentou que falou com os seus colegas de Portugal, Espanha e França e com a presidente da Comissão Europeia para impulsionar esse projeto, já que a existência de ligações com o norte de África ajudaria a diversificar o fornecimento.
Um gasoduto com estas características "resolveria os problemas atuais", acrescentou o chanceler alemão, que destacou os esforços do seu governo para reduzir a dependência energética em relação à Rússia e admitiu que os anteriores não consideraram essa possibilidade.
"Todos os governos, todas as empresas devem ter em conta que as situações podem mudar e preparar-se para se isso acontecer", disse Scholz, depois de reconhecer que a atual coligação governamental (sociais-democratas, Verdes e liberais) foi "surpreendida" pela falta de alternativas a uma possível redução no abastecimento de gás russo.
Apesar dessa situação, o dirigente alemão salientou que se conseguiu "em tempo recorde" procurar alternativas para garantir o fornecimento de gás no próximo inverno, mas admitiu que "será mais caro".
Os depósitos de gás da Alemanha alcançaram cerca de 75% da sua capacidade, de acordo com os últimos dados da Agência Federal de Redes (Bundesnetzagentur), um nível que segundo os objetivos do governo devia ser alcançado no próximo dia 01 de setembro.
O governo alemão tinha definido como objetivo que os depósitos atingissem 75% da sua capacidade no dia 01 de setembro, subindo para 85% em 01 de outubro e para 95% em 01 de novembro, o nível suficiente para garantir o abastecimento durante todo o inverno.
Essa evolução, depende, no entanto, da continuação de fornecimento de gás russo através do gasoduto Nord Stream.
O grupo russo Gazprom interrompeu totalmente o fornecimento em meados de julho alegando a necessidade de tarefas de manutenção. Quando foi restabelecido o serviço, o volume baixou para 20% da sua capacidade, face aos 40% que se registavam anteriormente.
Na coligação governamental alemã existem atualmente divergências em relação à possibilidade de se adiar o fim das últimas três centrais nucleares ainda em serviço e que deviam deixar de funcionar até finais deste ano.
Os Verdes têm recusado essa possibilidade, sem, no entanto, a afastarem completamente.
Os liberais propõem que isso seja adiado para 2024 e defendem a reativação, caso seja necessário, de uma outra central que ficou fora serviço no ano passado.
Atualmente as três centrais nucleares que ainda operam permitem 6% do fornecimento de eletricidade.
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