"Deve haver uma garantia de que os assassinos e facilitadores russos do terrorismo de Estado não usarão Schengen. (...) Não se pode destruir a própria ideia de Europa, os nossos valores europeus comuns (...)", disse o chefe de Estado ucraniano.
Zelensky voltou a defender a sua proposta de proibição de vistos para cidadãos russos que viajam para a Europa em turismo, entretenimento ou negócios, depois de vários membros da União Europeia (UE) terem aberto o debate sobre o tema.
O Governo estoniano já anunciou que vai deixar de conceder vistos a turistas que chegam da Rússia, detalhando que o número de cidadãos russos que atravessam o país aumentou de forma maciça.
No entanto, Zelensky destacou a importância de oferecer vistos para aqueles cidadãos que arriscam as suas vidas, se continuarem em território russo.
"Claro, todos nós percebemos: há pessoas que realmente precisam de proteção, que são perseguidas na Rússia, podem até ser mortas e, portanto, devem receber ajuda do mundo civilizado", disse.
Para o presidente ucraniano, apenas deveriam ser ajudados os refugiados ou aqueles que pedem asilo.
"É para aqueles que lutam, para aqueles que são perseguidos. Isso não deveria aplicar-se ao resto dos cidadãos russos", salientou.
Zelensky propôs a proibição de visto numa entrevista ao "The Washington Post", na qual observou que muitos russos estavam a entrar por terra na UE, apesar das proibições de voos impostas pelos 27 Estados-membros no início da guerra.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 170.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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