"Criar o caos". Assessor de Zelensky revela estratégia militar ucraniana
Na perspetiva do conselheiro de Volodymyr Zelensky, em causa está uma estratégia que é contrária à tática de Moscovo.
© REUTERS/Kemal Aslan
Mundo Guerra na Ucrânia
Neste momento do conflito, a Ucrânia está empenhada em levar a cabo uma contraofensiva que pretende criar o "caos às forças russas", através do ataque às linhas de abastecimento dos invasores em territórios ocupados. A informação foi avançada por Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente da Ucrânia, em entrevista ao The Guardian.
De acordo com a mesma fonte, poderão ser esperados mais ataques nos "próximos dois ou três meses" - semelhantes, nomeadamente, aos misteriosos ataques desta terça-feira sobre um cruzamento ferroviário e uma base aérea na Crimeia. Mas, também, ao incidente que afetou, na semana passada, aviões de guerra russos que se encontravam no aeródromo de Saky, na mesma península.
De recordar que a Rússia adiantou que um incêndio que deflagrou esta terça-feira tinha desencadeado explosões num depósito de munições no distrito de Dzhankoi, na Crimeia. Em causa está um ataque não foi reivindicado pela Ucrânia, embora a Rússia fale daquilo que considerou serem casos de "sabotagem".
Mas, nas palavras de Podolyak, este incidente trata-se apenas de uma "lembrança" de que "a Crimeia ocupada pelos russos é sinónimo de explosões em armazéns e de um alto risco de morte para invasores e ladrões".
Em declarações proferidas a partir dos gabinetes presidenciais em Kyiv, Mykhailo Podolyak elaborou um pouco mais sobre a tática ucraniana: "A nossa estratégia consiste em destruir a logística, as linhas de abastecimento e os depósitos de munições e outros objetos da infraestrutura militar. Está a criar um caos no seio das suas próprias forças".
Na perspetiva do conselheiro de Volodymyr Zelensky, esta é uma estratégia que é contrária à tática de Moscovo, que aposta essencialmente no recurso a artilharia bruta para conquistar território na região do Donbass, no leste da Ucrânia - e que resultou na destruição de cidades como Mariupol e Sievierodonetsk.
"Assim, a Rússia mostrou, de certo modo, que uma contraofensiva requer enormes quantidades de força humana, como um punho gigante, e vai apenas numa direção", explicou Podolyak. Porém, de modo contrastante, "uma contraofensiva ucraniana parece muito diferente. Não usamos as táticas dos anos 60 e 70, do século passado", asseverou.
De facto, a Ucrânia conseguiu já isolar a cidade de Kherson, a única comandada pela Rússia na margem ocidental do rio Dnipro, ao danificar pontes rodoviárias e ferroviárias através da nova artilharia de foguetes ocidentais. Consequentemente, a Rússia já não é capaz de reabastecer eficazmente as suas forças que lá se encontram.
Por essa razão, o conselheiro ucraniano pediu ainda "mais 50, 60, 80" do MLRS (sistemas de foguetes de lançamento múltiplo)", para ajudarem no combate contra as forças russas no terreno.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 5.500 mortos entre a população civil, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a mesma entidade alerta que o número real de óbitos deverá ser bastante superior.
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