"Peço a todo o nosso povo na Crimeia, nas outras regiões no sul do país, nas zonas ocupadas em Donbass e em Kharkiv que tenham muito cuidado. Por favor, não se aproximem das instalações militares do exército russo e de todos os locais onde armazenam munições e equipamento", disse Zelensky durante o habitual discurso à nação noturno.
O Presidente alertou para os novos relatos que surgem "todos os dias e todas as noites" de explosões em território ocupado pela Rússia.
"As razões das explosões em território ocupado podem ser diversas, muito variadas" e em algumas situações são resultantes do "desleixo" das tropas, continuou Zelensky.
Contudo, salientou que todos pretendem o mesmo: destruir a logística dos ocupantes, as suas munições, o seu equipamento militar e os seus postos de comando, salvaguardando as vidas do povo ucraniano.
"E a fila sobre a ponte para sair da Crimeia em direção à Rússia mostra que a grande maioria dos cidadãos do Estado terrorista já compreende, ou pelo menos sente, que a Crimeia não é um lugar para eles", afirmou o chefe ucraniano, referindo-se às recentes explosões na península que causaram a partida apressada de vários russos.
Na Crimeia, península no extremo sul do território ucraniano sob ocupação russa desde 2014, registaram-se na última semana duas explosões em instalações militares.
Uma primeira explosão, a 09 de agosto, detonou munições destinadas à aviação militar russa num depósito localizado no aeródromo militar de Saki -- um ataque que a Rússia anunciou como acidental, apesar de ter sido atribuído pelos especialistas às forças ucranianas.
Na terça-feira, um outro depósito de munições russo na Crimeia registou também uma explosão, que Moscovo admitiu ter sido um ato de sabotagem.
Ainda na sua declaração, Zelensky refirmou que, para expulsar as tropas russas da Ucrânia por completo, é necessário tornar a guerra cada vez mais difícil para a Rússia, sendo esta a "principal tarefa político-militar" do país neste momento, segundo o mesmo.
De acordo com o chefe de Estado, para a Ucrânia ganhar esta guerra, o ativismo de todos aqueles que de uma forma ou outra se ergueram em defesa do país ocupado também não deve agora diminuir.
Segundo Zelensky, a liderança russa "espera que os ucranianos, europeus e o mundo inteiro se cansem desta guerra".
"Temos de fazer tudo para que não sejamos nós e os nossos amigos e parceiros a ficarmos cansados, mas sim o nosso inimigo", defendeu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.514 civis morreram e 7.698 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 175.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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