A acusação do ministro acontece quase um mês após o anúncio pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, da morte, em Cabul, de Ayman al-Zawahiri, chefe da Al-Qaida, atingido por ataque de drone norte-americano.
Segundo o ministro Mohammed Yaqoub, os drones norte-americanos continuam atualmente a ser vistos em Cabul, entrando no espaço aéreo afegão, a partir do Paquistão.
"As nossas informações indicam que (os drones norte-americanos) entram no Afeganistão pelo Paquistão e utilizam o espaço aéreo do Paquistão", afirmou Mohammed Yaqoub, em conferência de imprensa, em Cabul.
O exército paquistanês não esteve disponível até ao momento para comentar as declarações do ministro, mas após a morte de Zawahiri, Islamabad negou ter autorizado que os norte-americanos usassem o espaço aéreo paquistanês.
O envio de drones norte-americanos para espaço afegão é "uma invasão clara do Afeganistão e do seu espaço aéreo pelos americanos", considerou Mohammed Yaqoub.
"Não têm vergonha. Condenamos este ato ilegal e exigimos que os americanos lhe ponham fim", acrescentou.
Os Estados Unidos derrubaram em 2001 o primeiro Governo talibã, na sequência da recusa dos fundamentalistas islâmicos em entregar o fundador da Al-Qaida, Usama bin Laden, na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Os talibãs continuam a afirmar não ter qualquer informação sobre a presença de Zawahiri, em Cabul e que desenvolvem uma investigação.
A morte do chefe da Al-Qaida é "uma reivindicação dos americanos" que foi "objeto de inquérito".
"Não temos mais detalhes sobre este assunto enquanto o inquérito não estiver terminado", repetiu hoje Yaqoub.
O ataque a Ayman al-Zawahiri, que sucedeu a Usama bin Laden, foi o primeiro conhecido sob os céus do Afeganistão, desde que Washington retirou as suas forças do país, em 31 de agosto de 2021, alguns dias após o regresso dos talibãs ao poder.
Desde a chegada ao poder dos fundamentalistas islâmicos, as tensões fronteiriças com o Paquistão aumentaram, com Islamabad a afirmar que grupos armados entram no país para perpetrarem ataques regulares no território, o que os talibãs negam.
As relações entre os dois países estão cada vez mais tensas, desde que ataques aéreos militares paquistaneses no este do Afeganistão mataram e feriram dezenas de pessoas, em abril.
Leia Também: Afeganistão. China relutante entre segurança e riscos de envolvimento