Talibãs acusam Paquistão de dar espaço aéreo a drones norte-americanos

O ministro da Defesa do Afeganistão acusou hoje o Paquistão de deixar drones norte-americanos usarem o espaço aéreo paquistanês para entrarem em céu afegão.

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Lusa
28/08/2022 15:12 ‧ 28/08/2022 por Lusa

Mundo

Afeganistão

 

A acusação do ministro acontece quase um mês após o anúncio pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, da morte, em Cabul, de Ayman al-Zawahiri, chefe da Al-Qaida, atingido por ataque de drone norte-americano.

Segundo o ministro Mohammed Yaqoub, os drones norte-americanos continuam atualmente a ser vistos em Cabul, entrando no espaço aéreo afegão, a partir do Paquistão.

"As nossas informações indicam que (os drones norte-americanos) entram no Afeganistão pelo Paquistão e utilizam o espaço aéreo do Paquistão", afirmou Mohammed Yaqoub, em conferência de imprensa, em Cabul.

O exército paquistanês não esteve disponível até ao momento para comentar as declarações do ministro, mas após a morte de Zawahiri, Islamabad negou ter autorizado que os norte-americanos usassem o espaço aéreo paquistanês.

O envio de drones norte-americanos para espaço afegão é "uma invasão clara do Afeganistão e do seu espaço aéreo pelos americanos", considerou Mohammed Yaqoub.

"Não têm vergonha. Condenamos este ato ilegal e exigimos que os americanos lhe ponham fim", acrescentou.

Os Estados Unidos derrubaram em 2001 o primeiro Governo talibã, na sequência da recusa dos fundamentalistas islâmicos em entregar o fundador da Al-Qaida, Usama bin Laden, na sequência dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Os talibãs continuam a afirmar não ter qualquer informação sobre a presença de Zawahiri, em Cabul e que desenvolvem uma investigação.

A morte do chefe da Al-Qaida é "uma reivindicação dos americanos" que foi "objeto de inquérito".

"Não temos mais detalhes sobre este assunto enquanto o inquérito não estiver terminado", repetiu hoje Yaqoub.

O ataque a Ayman al-Zawahiri, que sucedeu a Usama bin Laden, foi o primeiro conhecido sob os céus do Afeganistão, desde que Washington retirou as suas forças do país, em 31 de agosto de 2021, alguns dias após o regresso dos talibãs ao poder.

Desde a chegada ao poder dos fundamentalistas islâmicos, as tensões fronteiriças com o Paquistão aumentaram, com Islamabad a afirmar que grupos armados entram no país para perpetrarem ataques regulares no território, o que os talibãs negam.

As relações entre os dois países estão cada vez mais tensas, desde que ataques aéreos militares paquistaneses no este do Afeganistão mataram e feriram dezenas de pessoas, em abril.

Leia Também: Afeganistão. China relutante entre segurança e riscos de envolvimento

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