"Os guardas (...) dispararam contra a multidão", disse Jean Brunelle Razafintsiandraofa, deputado do distrito de Ikongo (leste), onde ocorreu o incidente, citado pela agência France-Presse.
"Nove pessoas morreram instantaneamente", acrescentou Tango Oscar Toky, médico chefe do hospital local, especificando que das 33 pessoas feridas que foram recebidas na manhã de hoje, cinco morreram no hospital.
Por volta das 08:00 TMG, houve tiros em Ikongo. Desde a semana passada, a pequena cidade está em estado de choque porque uma criança albina desapareceu e as autoridades suspeitam que se trata de um sequestro.
Na grande ilha do Oceano Índico, as pessoas albinas são regularmente alvo de violência. Mais de 12 sequestros, ataques e assassinatos de albinos foram relatados nos últimos dois anos, de acordo com as Nações Unidas.
Quatro suspeitos foram presos pela polícia na sequência do alegado sequestro da semana passada, mas os habitantes estão determinados a fazer justiça com as próprias mãos.
De manhã, foram à esquadra da polícia e exigiram que os quatro suspeitos lhe fossem entregues, segundo Razafintsiandraofa.
Segundo relatos de uma fonte da polícia à agência francdesa, deslocaram-se ao quartel da polícia pelo menos 500 pessoas, algumas armadas com "armas brancas" e "facões".
"Houve negociações, insistiram os aldeões", adiantou a mesma fonte. Os polícias decidiram então lançar bombas de fumo para dispersar a multidão e dispararam alguns tiros para o ar.
Porém, como os moradores continuaram a tentar forçar a entrada no quartel, a mesma fonte sublinhou: "Não tivemos escolha a não ser nos defendermos".
A polícia de Madagáscar é regularmente acusada pela sociedade civil da prática de violações dos direitos humanos, que raramente são alvo de processos.
Leia Também: Rejeitado recurso de acusados de planearem matar presidente de Madagáscar