"Neste momento, entre 1.200 e 1.400 venezuelanos saem do país diariamente, em busca do que consideram ser uma melhor opção", explicou o porta-voz do ODV aos jornalistas.
Tomás Pérez, que também é sociólogo, explicou ainda que os dados do ODV são superiores aos da Organização Internacional das Migrações.
"Esta semana apresentaremos o nosso relatório. Falamos de que há 7,35 milhões de venezuelanos fora e isso é mais de 22% da população", explicou à rádio Circuito Êxitos.
Por outro lado, precisou que dois terços da diáspora venezuelana está concentrada em países da região e que há cidadãos venezuelanos em 90 países.
"Hoje temos uma nova geografia, uma nova realidade, que há que trabalhar, entender e desenhar políticas. Em 1936, quando a Venezuela necessitava de imigrantes, construiu leis, instituições e hoje necessitamos fazer o mesmo", disse.
Tomás Pérez sublinhou que "essa é a realidade, a diversidade, pluralidade (...) não pode ser recolhida em definições elementares porque é complexa", variando segundo o país e comunidades em que estão inseridos.
Essa realidade, frisou, deve também ser tida em conta pelas instituições e organizações de comércio, indústrias, universidades, grupos profissionais, "porque há aí um ativo, uma reserva internacional potente e importante", apesar de "o Governo venezuelano não reconhecer essa realidade".
Tomás Pérez explicou que o número de migrantes "vai continuar a aumentar" e que o ODV analisa atualmente a situação nas fronteiras do Equador, Peru, na Bolívia como país de trânsito para o Chile e o crescimento da diáspora no Uruguai.
"Multiplicou-se por milhares as pessoas que atravessam o Darién (Tapón de Darién ou selva de Darién, no Panamá). Estamos a falar que 70% dos que passam por aí são venezuelanos, segundo dados medidos no porto de Panamá", explicou.
No domingo, a ONU atualizou em alta, para 6,81 milhões, o número de migrantes e refugiados venezuelanos que nos últimos anos abandonaram o seu país.
Os dados foram atualizados pela Plataforma de Coordenação Interagências para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V), da ONU, que em julho de 2022 dava conta de que 6,15 milhões de venezuelanos estavam no estrangeiro.
Os dados divulgados centram-se na América Latina e Caraíbas, onde, segundo a R4V, estão agora radicados 5,75 milhões de venezuelanos (5,09 milhões em julho de 2022).
O registo dá conta de um aumento de imigrantes venezuelanos na Colômbia, Brasil, Bolívia, Uruguai, Argentina, Panamá, Costa Rica, na Guiana e no Curaçau.
Segundo a R4V, a Colômbia continua a ser atualmente o país da região com maior número de migrantes e refugiados venezuelanos, 2,48 milhões, seguindo-se o Peru (1,22 milhões), o Equador (502,2 mil), o Chile (448,1 mil) e o Brasil, com 358,4 mil.
No Panamá estão atualmente 144,5 mil venezuelanos, no México 82,9 mil e na Costa Rica 20,1 mil.
Na região do Cone Sul, a Argentina é o país com mais venezuelanos (171 mil), seguindo-se o Uruguai (22 mil), a Bolívia (13,8 mil) e o Paraguai (5,9 mil).
Na área das Caraíbas, 115,3 mil venezuelanos estão na República Dominicana, 28,5 mil em Trindade & Tobago, 19,6 mil na Guiana, 17 mil em Aruba e 17 mil no Curaçau.
Há ainda 1,06 mil venezuelanos em outros países do mundo, segundo a R4V.
A Venezuela tinha, em finais de 2020, uma população de 28.515.829 pessoas.
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