Barragem que garante energia à Zâmbia e Zimbabué está a secar

As águas da barragem Kariba, que fornece energia à Zâmbia e ao Zimbabué, desceram a níveis críticos e os cortes controlados de eletricidade, de até 21 horas por dia, tiveram domingo um corte geral quase simultâneo nos dois países.

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© Oliver Mubonde/Reuters

Lusa
25/11/2024 19:48 ‧ há 1 hora por Lusa

Mundo

Zâmbia

"O apagão ocorreu por volta das 20:25 locais (18:25 em Lisboa). Na manhã de hoje, a maior parte dos centros de distribuição estavam novamente operacionais", declarou a companhia nacional de eletricidade do Zimbabué (ZPC).

 

Devido às alterações climáticas, e ao fenómeno El Niño, que as exacerbou, a Zâmbia e o Zimbabué tiveram fortes episódios de seca, mas dependem de água para a produção de energia.

Como consequência, as autoridades racionaram a água que podia fluir através da barragem e, nos últimos meses, houve cortes de energia que chegaram a atingir 21 horas por dia na Zâmbia, país vizinho de Angola, e 17 horas no Zimbabué, vizinho de Moçambique.

A seca deste ano reduziu a água disponível para a produção de eletricidade para 2,4%, em comparação com 15,5% no período homólogo do ano anterior, segundo a Autoridade do rio Zambeze, entidade que gere a barragem, citada pela imprensa internacional.

"Atualmente, Kariba está a produzir apenas cerca de um décimo da sua capacidade instalada de 1.050 megawatts", informou o The Guardian, citando aquele organismo.

Os cortes de energia nestas nações prejudicam várias indústrias, como a mineira e a agrícola, e põem em causa o crescimento económico, admitiu e lamentou a entidade gestora da barragem.

Para combater a dependência da energia produzida a partir da água desta barragem, novas centrais de carvão e solares estão agora a ser construídas na Zâmbia e no Zimbabué.

Cerca de 83% da eletricidade que a Zâmbia consome depende da água e, para combater esta dependência, o Governo anunciou, em julho, que iria diversificar as fontes da sua produção elétrica.

O país está a pensar em apostar em energia solar, disse o ministro da Energia da Zâmbia, Makozo Chikote, citado pela Bloomberg em 18 de novembro, quando participou numa conferencia sobre energia, em Victoria Falls, no Zimbabué, promovida pelos dois países para atrair investimento para o setor.

"A dependência excessiva da energia hidroelétrica expôs a vulnerabilidade do cabaz energético", afirmou o ministro.

"Esta foi uma chamada de atenção que nos ensinou a começar a pensar em fontes alternativas", prosseguiu.

O vice-presidente do Zimbabué, Constantino Chiwenga, disse que o seu país e a Zâmbia estão bem posicionados para beneficiar da energia solar e eólica.

"Em particular, o potencial para a energia solar é altamente promissor", pois ambos têm luz solar abundante durante todo o ano, "o único ativo nesta Terra pelo qual não pagamos. Então, vamos usá-lo" disse Chiwenga.

 Já em setembro o jornal bretão Ouest France noticiava que "já não há água suficiente em Kariba, o maior lago artificial do mundo, criado em 1959, na bacia do rio Zambeze, com uma superfície de 5.580 quilómetros quadrados e um comprimento de 220 quilómetros entre a Zâmbia e o Zimbabué, na África Austral".

A barragem de Kariba foi construída entre 1955 e 1959, quando o Zimbabué e a Zâmbia ainda estavam sob o domínio colonial britânico. A Rainha Isabel, a Rainha-Mãe, presidiu à sua inauguração oficial em 1960, depois de cerca de 80 a 100 trabalhadores terem sido mortos durante a sua construção, contextualizou o The Guardian.

Leia Também: Ucrânia. Ataque russo danifica barragem e cria risco de inundações

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