O anterior balanço apontava para 15 mortos. Pelo menos 380 pessoas ficaram feridas na violência na denominada Zona Verde, um perímetro considerado ultra-seguro, informou a agência de notícias France-Presse (AFP).
Após uma noite calma, os combates entre os apoiantes de Moqtada al-Sadr, por um lado, e o exército e os homens de Hashd al-Shaabi, antigos paramilitares pró-iranianos integrados nas forças regulares, por outro, recomeçaram esta manhã.
O disparo de armas automáticas e foguetes ressoaram em Bagdade a partir da Zona Verde, informou a AFP.
Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "contenção" no Iraque e pediu a todas as partes que "tomem medidas imediatas para acalmar a situação", segundo um comunicado do seu porta-voz.
Guterres "acompanha com preocupação as manifestações que acontecem hoje no Iraque, durante as quais manifestantes invadiram edifícios do governo", afirmou Stéphane Dujarric.
"[O secretário-geral] pede calma e contenção e pede a todos os atores envolvidos que tomem medidas imediatas para diminuir a situação e evitar a violência. (...) Pede a todas as partes e a todos os atores que superem as suas diferenças e realizem, sem demora, um diálogo pacífico e inclusivo", acrescentou.
Al-Sadr exigiu a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro.
O influente clérigo iniciou na segunda-feira uma greve de fome "até que a violência termine" no Iraque, revelou um dos seus porta-vozes.
O primeiro-ministro interino do Iraque, Mustafa al Kadhimi, revelou hoje que irá determinar a abertura de uma investigação sobre os disparos, referindo que o uso de munição real contra manifestantes é proibido.
A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir de segunda-feira.
Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem Governo e sem um novo Presidente, depois de o partido de al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento.
O partido de al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.
Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de al-Sadr ocuparam o parlamento, a 30 de julho.
A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.
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