Alexei Navalny, político russo conhecido pela sua forte oposição face ao Kremlin, disse esta terça-feira que tinha sido transferido para a solitária pela terceira vez este mês, como forma de punição pela sua atividade política.
Numa série de publicações na rede social Twitter, que terão sido escritas pelos seus advogados, Navalny explicou que tinha sido, desta última vez, encaminhado para uma cela de punição durante sete dias, devido a uma "apresentação incorreta" da sua parte.
"O facto é que sou 'demasiado ativo politicamente para um prisioneiro'", prosseguiu o político, explicando que o "sindicato de prisioneiros" por ele criado" foi uma "fonte de grande irritação" para as autoridades.
"'Não o colocámos na prisão para ele criar sindicatos de trabalhadores aqui'", pode ler-se na publicação, que cita as alegadas afirmações feitas a seu propósito.
2/15 So I was locked up for 3 days, then for 5, now for 7 for "incorrect introduction". And this "staircase" will go up to the maximum possible 15 days, and then they'll keep locking me up for 15 more until I "calm down".
— Alexey Navalny (@navalny) August 30, 2022
Alexei Navalny acrescentou ainda que a campanha levada a cabo pela sua Fundação Anti-Corrupção (ACF), proibida de operar na Rússia e que pretende, como o próprio nome indica, combater esse mesmo flagelo, tinha levado as autoridades russas a exigir medidas para que ele e a sua fundação "recuassem" com a sua atividade.
De recordar que, na semana passada, o político anti-Kremlin tinha já adiantado ter recebido uma punição semelhante, com a duração de cinco dias - por ter andado, por breves momentos, sem as mãos atrás das costas. Anteriormente, a 15 de agosto, o mesmo castigo tinha durado três dias, por não ter abotoado convenientemente o botão de cima do seu uniforme prisional - que, segundo explicou, era demasiado pequeno para ele.
Apesar da sua situação na prisão, o ativista russo garantiu "não estar pior do que muitos outros", fazendo uma referência direta ao povo ucraniano: "não tenho bombas a cair sobre mim aqui". E voltou, uma vez mais, a mostrar a sua condenação face à invasão russa: "Odeio esta guerra, e eu e os meus colegas da ACF estamos a tentar fazer algo para lhe colocar um fim".
Neste momento, a 'chave' para atingir esse objetivo, na visão de Navalny, é simples: "Pressionar a elite corrupta de [Vladimir] Putin ao ponto de a dividir".
De recordar que o ativista, conhecido por ser o principal crítico do presidente russo, Vladimir Putin, está a cumprir uma pena de 11 anos e meio numa prisão de alta segurança, após ter sido condenado por violações da liberdade condicional, fraude e desprezo pelo tribunal. Acusações que, segundo ele, terão sido fabricadas para frustrar as suas ambições políticas e abafar a dissidência.
Alexei Navalny foi detido no ano passado após ter regressado da Alemanha para a Rússia, voluntariamente. Em território alemão, viria a receber tratamento na sequência daquilo que os resultados laboratoriais comprovaram ser uma tentativa quase fatal de envenenamento com recurso a uma toxina da era soviética, que terá ocorrido na Sibéria. Moscovo, no entanto, nega ter tentado esse assassinato.
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