MP russo pede 24 anos de prisão para jornalista acusado de traição
Ivan Safronov foi detido em 2020, acusado pelo Kremlin de passar segredos militares a inimigos da Rússia.
© Getty Images
Mundo Rússia
O Ministério Público russo pediu esta terça-feira uma pena de prisão de 24 anos pelo crime de traição para o jornalista Ivan Safronov, noticia a agência estatal russa TASS.
Safronov foi um jornalista de assuntos militares para os jornais Vedomosti e Kommersant, antes de passar para o governo e ser assistente do líder da agência espacial russa, dois meses antes de ser detido em julho de 2020.
Moscovo acusa-o de passar segredos sobre vendas de armas pelo estado russo no Médio Oriente e África (onde o Kremlin tem muitos interesses, nomeadamente no Mali, através da milícia Wagner), ao governo da República Checa, que pertence à NATO. As acusações focam-se no tempo que Safronov passou como jornalista em 2017.
Safronov nega as acusações, acusando-as de ser "uma completa absurdidade de justiça e do senso comum".
Segundo o jornalista, citado pela Reuters, os investigadores russos apontam também para o trabalho que Safronov desenvolveu em 2010, quando passou a contribuir para um website criado por um jornalista checo.
O advogado de Safronov, Yevgeny Smirnov - que é o segundo advogado da associação First Department, do anterior advogado que está exilado na Geórgia - confirmou os 24 anos pedidos pela acusação nas redes sociais. Smirnov também contou que o jornalista recusou declarar-se culpado para enfrentar uma pena de 12 anos.
A detenção e acusação de Safronov são mais um episódio chocante para a fragilidade imprensa russa.
Desde antes do início da guerra que a Rússia restringe a liberdade de imprensa no país mas, após ter invadido a Ucrânia a 24 de fevereiro, a opressão do Kremlin intensificou-se. Vários órgãos de comunicação independentes foram encerrados e jornalistas que protestem contra a guerra, ou que escrevam algo que vá de encontro à propaganda do regime, são detidos.
Os jornalistas estão mesmo proibidos de dizer a palavra "guerra", já que a Rússia considera a invasão como uma "operação militar especial".
Na segunda-feira, o jornalista de investigação russo Andrei Zayakin foi acusado de financiar uma organização terrorista, por ter doado mil rublos (cerca de 16 euros) à fundação de Alexei Navalny. No mesmo dia, as autoridades russas também detiveram outro crítico do regime, Leonid Gozman, por ter comparado a União Soviética com a Alemanha Nazi, e condenaram-no a uma multa e a 15 dias de prisão domiciliária.
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