Exército de Taiwan confirma disparos contra 'drones' chineses

As forças armadas de Taiwan dispararam tiros de advertência contra aeronaves não tripuladas ('drones') chinesas que sobrevoavam o território taiwanês, num momento de crescente tensão entre Pequim e Taipé, foi hoje divulgado.

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Lusa
31/08/2022 10:28 ‧ 31/08/2022 por Lusa

Mundo

Taiwan

O exército de Taiwan informou, em comunicado, que as forças daquele território dispararam os tiros de advertência na terça-feira, depois de os 'drones' terem sobrevoado a zona das ilhas Kinmen.

O comunicado referiu igualmente que os aparelhos eram de "uso civil", mas não deu mais detalhes.

A mesma fonte disse que as aeronaves regressaram à cidade chinesa vizinha de Xiamen depois dos tiros de advertência terem sido disparados. Taiwan tinha disparado em outras ocasiões anteriores sinalizadores como advertência.

O incidente ocorre num período de crescentes tensões entre Taipé e Pequim.

No início deste mês, após a deslocação da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan - a visita de mais alto nível realizada pelos Estados Unidos à ilha em 25 anos -- Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real.

Durante quase uma semana, o Exército de Libertação Popular fez um bloqueio marítimo e aéreo de facto ao território.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.

Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.

Taiwan mantém o controlo sobre uma série de ilhas nos arquipélagos Kinmen e Matsu, no Estreito de Taiwan, uma herança do esforço dos nacionalistas de Chiang Kai-shek para manter uma posição próxima do continente, depois da guerra civil.

O Ministério da Defesa de Taiwan disse que as ações da China não intimidam os 23 milhões de habitantes da ilha, afirmando que apenas fortalecem o apoio às forças armadas e ao estatuto do território como uma entidade política independente.

As autoridades disseram que os sistemas de defesa contra 'drones' estão a ser reforçados, como parte de um aumento de 12,9% no orçamento anual da Defesa para o próximo ano.

Taipé está a planear um aumento no valor equivalente a 1,6 mil milhões de euros, para um total de quase 14 mil milhões de euros.

Os Estados Unidos da América (EUA) também estão a preparar um pacote de defesa avaliado em 1,1 mil milhões de dólares (quase o mesmo valor em euros, ao câmbio atual) para Taiwan, que inclui mísseis anti-navio e ar-ar, visando repelir uma possível tentativa de invasão chinesa.

Após os exercícios chineses, os EUA enviaram dois navios de guerra para o Estreito de Taiwan, onde a China reclama soberania.

Políticos oriundos dos EUA, Japão e países europeus continuam a visitar Taipé para prestar apoio diplomático e económico.

O governador do Estado norte-americano de Arizona, Doug Ducey, está atualmente em visita a Taiwan para discutir a produção de semicondutores, 'chips' essenciais que são usados em produtos eletrónicos e se tornaram parte da competição tecnológica entre os EUA e a China.

Ducey está a tentar atrair fornecedores para a nova fábrica de 12 mil milhões de dólares (cerca 11,9 mil milhões de euros, ao câmbio atual) que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Corp. (TSMC) está a construir no seu Estado.

Na semana passada, o governador do Estado do Indiana visitou Taiwan numa missão semelhante.

Taiwan produz mais de metade da oferta global de 'chips' semicondutores de ponta.

O disparo de mísseis da China durante os exercícios militares interrompeu o transporte marítimo e aéreo, expondo a possibilidade das exportações de 'chips' sofrerem limitações ou de serem suspensas.

Leia Também: Taiwan dispara tiros de aviso a drone chinês que voou próximo da ilha

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