"A minha principal mensagem em Portugal será a de que um país como Portugal pode ser um líder, como demonstrou ser com uma opinião pública extremamente pró-europeia", afirma Roberta Metsola em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de iniciar uma visita oficial a Portugal.
Lembrando que "os portugueses foram dos primeiros a oferecer ajuda" para o acolhimento de ucranianos que fugiam da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro passado, a líder da assembleia europeia diz olhar "para Portugal como uma espécie de coração atencioso da Europa", nomeadamente na área das migrações.
E, segundo a responsável, também isso se verificou na crise migratória de 2015, quando se julgava que, "quanto mais longe [um país] estava de um assunto, mais exonerado se sentia da responsabilidade", mas "Portugal nunca disse isso".
"Quando houve a crise migratória na Europa, Portugal, recordo-me, estava a liderar", acrescenta.
Roberta Metsola diz, assim, "identificar-se" com "a solidariedade de Portugal", mas também com a "perspetiva geográfica e económica".
"Portugal sempre disse -- e lembro-me que não importava que primeiro-ministro estivesse à volta da mesa -- que (...) se era para uma catástrofe natural ou outra, poderíamos contar com o país para mostrar solidariedade", destaca.
Além disso, atualmente, "as minhas interações com o primeiro-ministro e os vários representantes e diferentes membros portugueses do Parlamento Europeu têm sido também para empurrar a narrativa de que é melhor estar à volta da mesa para abordar o aumento do custo de vida, a inflação, os preços", adianta a responsável.
Depois da sua eleição em janeiro passado, a líder da assembleia europeia refere que Portugal foi dos primeiros países a convidá-la para uma visita oficial, mas já antes aponta ter tido a "melhor experiência da presidência portuguesa [do Conselho da UE], que veio num momento muito difícil", no primeiro semestre de 2021.
"Penso no certificado digital, que não teria sido possível sem a presidência portuguesa, na Conferência sobre o Futuro da Europa, que não teria sido possível sem o lançamento no qual o primeiro-ministro, [António] Costa esteve presente e, inclusive, foi dos primeiros-ministros com quem me encontrei" e ainda "no Pilar Social, que foi tão importante", elenca Roberta Metsola.
"Mas claro que, quando nos encontrámos pela primeira vez, quem nos teria dito que iríamos viver uma guerra e agora com um inverno extremamente difícil à nossa frente", realça.
Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.
Aos 43 anos, Roberta Metsola é a presidente mais jovem do Parlamento Europeu, após ter chegado a eurodeputada em 2013, pelo Partido Popular Europeu.
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