Em declarações à agência Lusa, o deputado do PSD, que lidera a organização que reúne os parlamentos de 178 países, explicou que esta visita resultou de um convite que aceitou do presidente do parlamento da Ucrânia.
"Não podia deixar de o fazer para mostrar solidariedade ao povo ucraniano, ao parlamento da Ucrânia e para, como presidente da União Interparlamentar, reiterar a condenação da agressão e simultaneamente disponibilizando a União Interparlamentar como uma plataforma para o diálogo entre as autoridades dos dois países", referiu, considerando que "essa é a única via para resolver este conflito".
Duarte Pacheco disse ainda à Lusa que já tinha estado em visita a Kyiv uma semana antes da invasão.
"Na altura, o presidente do parlamento ucraniano disse-me: 'venha cá, mas tem que vir já porque se calhar para a semana é tarde'. Então desloquei-me a Kyiv, na altura, dizendo que a União Interparlamentar iria condenar de forma veemente qualquer ataque que fosse feito à Carta das Nações Unidas e qualquer ataque que fosse feito às fronteiras reconhecidas pelas Nações Unidas e que só a diplomacia e o diálogo são ferramentas aceitáveis para resolver eventuais conflitos que possam existir", contou.
Met President of @IPUparliament Mr. Duarte Pacheco.
— Emine Dzheppar (@EmineDzheppar) September 1, 2022
It is important that international partners can eye-witness #Russia's war crimes against Ukrainians.
Stressed on importance of holding Russia accountable for all the atrocities it has committed. 1/2 pic.twitter.com/Mfw3k0HQKH
Segundo Duarte Pacheco, a visita de hoje serviu ainda para anunciar que a União Interparlamentar decidiu este ano atribuir o prémio com o nome dos seus fundadores ao presidente do parlamento da Ucrânia, "representando todos os parlamentares da Ucrânia na defesa da democracia e na consolidação dos ideais democráticos neste país".
Estando no país, o presidente da organização foi convidado para ver "alguns dos locais mais afetados quando as tropas russas rodearam Kyiv".
"É de facto chocante. Por muitas imagens que qualquer um de nós possa ver na televisão, não tem nada a ver com aquilo que se depois vê com os nossos próprios olhos. Prédios residenciais cortados ao meio por um ataque de míssil, infantários bombardeados, escolas. Não é racional", descreveu o deputado português.
Compreendendo que "quer para um lado quer para o outro seja difícil", Duarte Pacheco referiu que "deu sempre o exemplo de Mandela [Nelson, ex-Presidente sul-africano] que depois de 30 anos de prisão teve a grandeza de dar a mão a um presidente branco e convidá-lo para o acompanhar no exercício das suas funções".
"É isto que os seres humanos grandes fazem para bem do seu povo e é isso que as autoridades ucranianas têm que estar disponíveis para fazer ao lado das autoridades russas, sem nunca esquecer quem é a vítima e quem é o agressor neste caso", apelou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
Até agora, a ONU apresentou como confirmados 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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