"Começámos conversas mais sérias do que tínhamos visto até agora. Ontem à noite a ministra do Turismo e Transportes Internacionais reuniu-se com pessoas do Banco [Africano de Exportações e Importações -- Afreximbank] e de outros países (...). Esperamos dentro de alguns meses fazer uma realidade deste sonho", afirmou Mia Amor Mottley em conferência de imprensa na sexta-feira, ao final do dia, no primeiro fórum de investimento e comércio entre África e as Caraíbas, que termina hoje em Barbados.
O estabelecimento de ligações aéreas entre África e as Caraíbas foi um apelo de Mottley no discurso de abertura do AfriCaribbean Trade and Investment Fórum (ACTIF2022), na quinta-feira, e tem sido um pedido repetido ao longo do certame, já que para viajar entre as duas regiões é preciso fazer escala na Europa ou na América do Norte, o que dificulta a circulação e, logo, os negócios.
Na sexta-feira, a governante explicou que Barbados está a trabalhar com alguns países para fazer 'co-marketing', "porque é preciso sustentar o tráfego" e admitiu a possibilidade de fazer uma ligação com três pontos, incluindo Acra e uma cidade na América do Norte, para aumentar a carga de tráfego.
Além de fazer voos com múltiplos destinos, Mottley sugeriu usar o mesmo avião para transportar passageiros e carga para reduzir o custo do tráfego aéreo e admitiu que nos primeiros um ou dois anos a operação tenha de ser apoiada com fundos públicos.
Na mesma conferência de imprensa, o presidente do Afreximbank, Benedict Orama, lembrou que há alguns anos, o mesmo acontecia entre países do continente africano.
Quem quisesse ir de Lagos para Acra, tinha de ir a Londres primeiro e quem quisesse ir de Lomé para Lagos tinhas de fazer escala em Paris e em Londres.
"Quando houve determinação, as coisas começaram a mudar, e o Afreximbank contribuiu para isso. Começámos a financiar empresas indígenas para comprarem aviões. Penso que é o que vai acontecer aqui", afirmou.
Sublinhando que "o sucesso será conseguir algo que seja sustentável", Oramah mostrou-se otimista: "Se insistirmos, em menos de cinco anos, isto será história".
Numa sessão ao longo do dia de sexta-feira, a ministra do Turismo e dos Transportes Internacionais de Barbados, Lisa Cummins, contou que o país iniciou "conversas com a Air Ruanda, a Ethiopia Airways, a Etihad, dos Emirados Árabes Unidos, e a Quénia Airways.
Mottley disse também que pretende promover a troca de programas de televisão produzidos em Barbados com outros produzidos em África para que os cidadãos comuns dos dois lados do atlântico possam conhecer-se melhor.
"Não preciso de convencer as pessoas que já estão aqui. Quem preciso de trazer para bordo são os nossos cidadãos comuns, para que eles vejam que as pessoas da Etiópia, Ruanda ou Senegal são iguais a nós" e vice versa.
Também sobre os resultados dos dois dias de conferência -- o terceiro e último dia é para visitas de campo -- Orama disse que houve avanços e que nas próximas semanas ou meses o Afreximbank vai enviar uma missão à Comunidade das Caraíbas (CARICOM), que tem 15 Estados-membros e cinco associados e representa 16 milhões de cidadãos.
"Quando chegámos só três países queriam assinar o acordo de parceria [com o Afreximbank]. Já assinámos com seis, mais três vão assinar até à próxima semana -- já são nove. Quando dermos por isso temos toda a CARICOM", afirmou.
Organizado pelo Afreximbank e o Governo de Barbados sob o lema "Um Povo. Um Destino. Unir e Reimaginar o nosso Futuro", o ACTIF2022 termina hoje em Barbados e visa fortalecer os laços económicos entre África e as Caraíbas.
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