Chile. Normalidade e afluência às urnas nas primeiras horas do referendo

A normalidade nas mesas de votação e o afluxo massivo de público marcaram as primeiras horas do referendo obrigatório no Chile, no qual hoje 15 milhões de chilenos decidirão se aprovam ou não a nova Constituição.

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Lusa
04/09/2022 21:05 ‧ 04/09/2022 por Lusa

Mundo

Chile

Duas horas depois da abertura oficial das escolas, todas as mesas do Chile continental já estavam montadas, faltando apenas a da Ilha de Páscoa, que abriu com duas horas de atraso.

Prevê-se que os resultados sejam conhecidos cerca de duas horas após o encerramento das urnas, marcado para as 18:00 locais (22:00 em Lisboa), embora já tenha havido avisos de que todos os cidadãos que se encontrem na fila à hora de encerramento poderão ainda exercer o seu direito de voto, o que poderá atrasar a contagem.

Dentro e fora das escolas, o sentimento era de alegria, com longas filas e um processo fluido que evitava a exposição ao sol, num dia de calor, principalmente na capital, onde se concentrava o maior número de eleitores.

No entanto, é esperado que haja um fluxo ainda maior à medida que o dia avança e a hora de encerramento dos locais de votação se aproxima.

Um dos primeiros a ir às urnas foi o Presidente da República, Gabriel Boric, que o fez na sua cidade natal, Punta Arenas, com os seus pais, a sua companheira, Iriana Karamanos, e um dos seus dois irmãos.

Boric destacou que "os olhos do mundo estão voltados para o Chile", exortou os cidadãos a votarem "com alegria e responsabilidade" e alertou que qualquer que seja o resultado, o país está preparado para avançar com as reformas.

"Estão a observar-nos de todo o mundo, vamos exercer o nosso direito e dever de escrever a nossa história, votando com responsabilidade, calma, muita alegria e orgulho", propôs.

"Posso garantir que a nossa vontade e a nossa ação, independentemente do resultado, será de elogiar por uma ampla unidade nacional de todos os setores, de todas as organizações sociais, da sociedade civil, dos partidos políticos. Queremos ouvir todas as vozes para poder avançar com este processo", sublinhou.

O ex-presidente conservador Sebastián Piñera, um defensor da rejeição, insistiu que o Chile "precisa de uma nova e boa Constituição". O socialista Lagos, signatário da reforma constitucional parcial de 2005, foi ainda mais cauteloso, apesar de ter insinuado no passado que votaria pela rejeição.

Como o resto dos políticos, ele pediu unidade e calma, participação massiva e respeito pelos resultados, e insistiu que um processo constituinte continuará na segunda-feira e "que exige uma visão de futuro e unidade de forças".

Na votação histórica deste domingo, 514.000 estrangeiros também são chamados a votar, 125.000 a mais do que os registados em 2019, data em que foi desencadeado o "surto social" que impulsionou o processo, o que pode ter um impacto significativo num resultado que é incerto e espera-se que seja renhido.

Por países, são os peruanos, os colombianos e os bolivianos os imigrantes que têm maior presença neste referendo, embora sejam os cidadãos haitianos e colombianos, cuja comunidade deu um salto mais significativo, com um aumento de 412,8% e 384% respetivamente em relação a 2020.

A migração, em particular a migração irregular que entra pelas fronteiras da Bolívia e do Peru, cujos protagonistas são os cidadãos venezuelanos e haitianos, tem sido nos últimos meses um dos temas mais polémicos num país que não estava acostumado a grandes fluxos migratórios.

No exterior, as mesas já fecharam em países como a Nova Zelândia, com vitória da aprovação do texto, tendência semelhante à da Europa, onde o sim também parece prevalecer à medida que os consulados fecham.

Como novidade, cidadãos que estão presos também votam, pela primeira vez.

Hoje, cerca de 3.000 centros de votação abriram no Chile para se iniciar uma das votações mais importantes da história recente do país, na qual mais de 15,1 milhões de chilenos decidirão se aprovam a proposta de uma nova Constituição.

Se aprovado, o texto irá substituir a atual Carta Magna, herdada da ditadura (1973-1990) e vista por parte da sociedade como a origem das desigualdades no país por promover a privatização de serviços básicos, como educação, saúde ou pensões.

Se rejeitada, a atual Lei Fundamental permanecerá em vigor, embora o presidente já tenha anunciado que irá convocar um novo processo constitucional e que será cumprido o mandato do referendo de outubro de 2020, no qual quase 80% dos chilenos pediram uma mudança constitucional.

O novo texto declara o Chile um "Estado social e democrático de direito, plurinacional, intercultural, regional e ecológico", estabelece um catálogo de novos direitos sociais e que a sua democracia é "igual e inclusiva".

"Há questões em que o texto é um dos mais vanguardistas do mundo, especialmente em questões de igualdade de género e proteção da natureza", disse à agência EFE o constitucionalista Tomás Jordán, da Universidade Alerto Hurtado.

Os seus defensores defendem que irá ajudar a criar um Chile "mais justo", enquanto quem está contra argumenta que é um texto radical e que "não une o país".

Leia Também: Abrem no Chile centros de votação para referendo sobre nova Constituição

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