Política externa põe Liz Truss em colisão com UE, Rússia e China
Se a chefe da diplomacia britânica puser em prática o que defendeu antes e durante a campanha para líder do partido Conservador, a futura primeira-ministra Liz Truss prepara-se para enfrentar a União Europeia, a Rússia e a China.
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Mundo Reino Unido
A Ucrânia já era uma prioridade para o antecessor, Boris Johnson, mas a até agora ministra dos Negócios Estrangeiros prometeu redobrar os seus esforços para apoiar o presidente Zelensky.
"Continuaremos a ir mais longe e mais depressa para expulsar a Rússia de toda a Ucrânia", disse em abril, afirmando que os russos também deveriam deixar a Crimeia, anexada em 2014.
O discurso, proferido para executivos financeiros em Londres e intitulado "O regresso da geopolítica", deu um indício da doutrina belicosa de Liz Truss.
"A minha visão é de um mundo em que as nações livres se afirmam e assumem a liderança. Onde a paz e a democracia são reforçadas por uma rede de parcerias económicas e de segurança. Onde os agressores são contidos e forçados a escolher uma forma melhor", afirmou.
Além da Rússia, Truss identificou como "ameaça" a China, a qual tem criticado pelo desrespeito dos direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong.
"Precisamos de garantir que democracias como Taiwan sejam capazes de se defender", argumentou também em abril, antes de os exercícios militares chineses no início de agosto provocarem tensões entre os dois lados.
Em protesto contra os exercícios, Liz Truss convocou o embaixador chinês mas excluiu a visita a Taiwan como primeira-ministra.
+++ Brexit: confronto com a UE +++
Após uma campanha contra o 'Brexit' em 2016, Liz Truss tornou-se uma defensora convicta da ideia de um "Reino Unido Global", menos dependente da União Europeia (UE) e mais próximo da região da Ásia Pacífico e dos Estados Unidos.
As críticas duras a Bruxelas ganharam admiradores entre os militantes conservadores que elegeram a nova líder do partido, que já deixou saber que está disposta a invocar nos próximos dias o artigo 16.º para suspender partes do Acordo do Brexit para a Irlanda do Norte.
Truss foi a arquiteta da legislação que pretende anular o acordo e que já levou Bruxelas a lançar várias ações de incumprimento, interrompendo o diálogo sobre um possível entendimento.
Recentemente, piorou o mal-estar quando se recusou, durante a campanha, a dizer se o Presidente francês, Emmanuel Macron, era "amigo ou inimigo" devido às tensões sobre as travessias de migrantes do Canal da Mancha.
+++ Uma relação não tão especial? +++
Liz Truss tem invocado a admiração por Margaret Thatcher na maior parte das suas posições políticas, mas a comparação termina na relação transatlântica, à qual Thatcher foi bastante dedicada.
A promessa de Liz Truss de reescrever o protocolo da Irlanda do Norte e a posição bastante dura sobre Vladimir Putin levantaram sobrolhos na administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
De acordo com o Financial Times, Liz Truss questionou a própria base da "relação especial" entre o Reino Unido e os EUA durante o primeiro encontro com o Secretário de Estado Antony Blinken há um ano.
"A conversa foi emblemática de um estilo descrito por funcionários e analistas norte-americanos como grosseiro, binário e autoritário, com alguns a acreditarem que Truss foi rápida a adotar posições radicais sem pensar nas consequências", escreveu o diário financeiro no final de agosto.
Na reta final da campanha eleitoral, Liz Truss recusou-se a comentar uma possível candidatura de Donald Trump para a Casa Branca.
"Tanto os Estados Unidos como a França são democracias amantes da liberdade e vou trabalhar com ambos os países, independentemente de quem for o seu líder", prometeu.
A ministra dos Negócios Estrangeiros foi declarada hoje a vencedora da corrida à liderança do partido Conservador, com 57% dos votos, contra o antigo ministro das Finanças Rishi Sunak, embora com uma vantagem menor do que indicavam as sondagens
Truss, de 47 anos, será a terceira mulher primeira-ministra do Reino Unido, após Margaret Thatcher e Theresa May, e a quarta política a ocupar o cargo em seis anos.
A indigitação pela rainha Isabel II terá lugar na terça-feira, depois de Boris Johnson informar a monarca de 96 anos da demissão.
As audiências terão lugar no Castelo de Balmoral, no norte da Escócia, onde a chefe de Estado se encontra, rompendo com a tradição de acontecer no Palácio de Buckingham, em Londres, devido aos problemas de mobilidade da rainha.
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