"Ninguém esconde que quer ter este documento até a entrada do país na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Ou seja, [Kyiv] continua a pedir a adesão à Aliança. Portanto, continua a principal ameaça ao nosso país", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa em Moscovo.
A Presidência ucraniana apresentou terça-feira um projeto de recomendações sobre garantias de segurança para a Ucrânia com a participação do Ocidente, o que significa mais armas para o país e mais sanções contra a Rússia.
"Precisamos de uma força militar forte o suficiente para [...] causar danos irreparáveis ao agressor. As garantias de segurança visam ajudar-nos a criar tal poder", disse o chefe de gabinete da Presidência ucraniana, Andriy Yermak.
O alto responsável da Presidência ucraniana salientou que o projeto não pretende substituir a entrada da Ucrânia na Aliança Atlântica, mas permitir criar uma forma de garantir a segurança do país até à adesão à NATO.
Segundo o presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo), Leonid Slutski, a iniciativa de Kyiv visa "aumentar o confronto com a Rússia em vez de resolver a situação atual".
"Não se trata de nenhum tipo de garantia de segurança, mas de um pacto para envolver os países da NATO e os aliados [ocidentais] no conflito na Ucrânia", argumentou Slutski.
Por seu lado, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, já afirmou que a proposta representa um "vínculo" para os países ocidentais, "que seriam obrigados a continuar a fornecer os mesmos volumes de ajuda ao regime de Kyiv".
A invasão da Ucrânia pela Rússia -- numa ofensiva lançada em 24 de fevereiro -- já causou, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a fuga de quase 15 milhões de pessoas (um terço da população nacional).
Embora alguns já tenham regressado ao país, a ONU contabiliza 6,8 milhões de refugiados e mais de sete milhões de deslocados internos na Ucrânia.
Segundo as Nações Unidas, esta é já a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
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