"Como a nação mais populosa, com o maior poder económico e localizada no centro do continente, o nosso exército deve tornar-se o pilar da defesa convencional da Europa, a força armada mais bem equipada da Europa", afirmou Olaf Scholz num discurso perante os responsáveis das Forças Armadas unificadas alemãs (Bundeswehr)
A invasão russa da Ucrânia foi um ponto de viragem para a política de defesa alemã, levando à criação de um fundo especial de 100 mil milhões de euros para atualizar o equipamento do exército e fazer uma renovação estratégica.
"Um antigo ministro da Defesa alemão achava que estávamos apenas 'cercados de amigos'. A verdade é que a política, os negócios e grande parte da sociedade acreditaram de boa vontade nesta tese e daí saíram importantes conclusões", lamentou o dirigente.
"Conclusões erradas, como sabemos hoje, especialmente se olharmos para o estado do exército alemão", acrescentou o líder social-democrata.
"Queremos mostrar com clareza e credibilidade que a Alemanha está pronta para assumir a responsabilidade maior pela segurança do nosso continente", argumentou Scholz.
Criticado pelo apoio militar que prestou inicialmente a Kiev, considerado muito tímido, o sucessor de Angela Merkel quer agora apostar também no aumento do poder de defesa europeu, principalmente no âmbito da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
"Nós, europeus, devemos assumir muito mais responsabilidade dentro da NATO", sublinhou o chanceler, defendendo a criação de um "quartel-general europeu" capaz de "realizar missões - seja uma retirada de cidadãos, como no ano passado no Afeganistão, ou uma missão europeia de aconselhamento ou formação, como no Iraque, Mali ou Níger".
Scholz também pretende "usar as possibilidades já oferecidas pelos tratados da União Europeia para confiar missões a um grupo de Estados-membros, uma 'coligação de pessoas determinadas'" para facilitar possíveis ações militares europeias.
Para o chanceler alemão, "o problema mais premente na Europa pode ser o número completamente inextricável de sistemas de armas e equipamentos militares, além da concorrência entre as várias empresas de armas".
"Só um aumento coordenado das capacidades europeias permitirá à Europa agir", afirmou, atribuindo "particular importância ao domínio da defesa aérea -- coordenado a nível europeu e a funcionar como reforço do pilar europeu da NATO", concluiu.
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