Mobilização envolve "centenas de milhares de pessoas no crime de Putin"
Opositor russo Alexei Navalny diz que as autoridades querem privá-lo do seu “direito de falar contra a mobilização criminosa” que “fará dezenas de milhares de famílias perderem um filho, um irmão, um pai”.
© Reuters
Mundo Alexei Navalny
O opositor russo Alexei Navalny afirmou, esta sexta-feira, que a mobilização parcial anunciada na quarta-feira pelo presidente da Rússia significa o “envolvimento de centenas de milhares de pessoas no crime” que Vladimir Putin está a “cometer”.
Os advogados do político, que se encontra preso na Rússia, publicaram um vídeo da mais recente visita judicial, onde Navalny revela que foi (novamente) transferido para a cela solitária e que, desta vez, “ninguém está a esconder o contexto político” da transferência.
Segundo Navalny, as autoridades russas querem privá-lo do seu “direito de falar contra a mobilização criminosa” que “fará dezenas de milhares de famílias perderem um filho, um irmão, um pai” e do seu “direito de falar contra” o envio de centenas de milhares de russos para “matar inocentes”.
Mas, avisa: “Ficarei na solitária e vocês não me calarão. Isto é um crime contra o meu país. Não vou ficar calado e espero que todos os que me ouvirem também não fiquem calados”.
Para Navalny, “o que está a acontecer agora” na Rússia - a mobilização de 300 mil reservistas para a guerra na Ucrânia - “é muito mais assustador do que quaisquer 24 horas numa cela solitária”.
“É o envolvimento de centenas de milhares de pessoas no crime que Putin está a cometer”, frisou.
Na quarta-feira, no primeiro discurso à nação desde a invasão da Ucrânia, Vladimir Putin anunciou a “mobilização parcial” e garantiu que "apenas os cidadãos que se encontram atualmente na reserva e, sobretudo, aqueles que serviram nas Forças Armadas, têm certas especialidades militares e experiência relevante, serão sujeitos a alistamento".
Sublinhe-se que o conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que cerca de 5.900 civis morreram e oito mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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