Mahsa Amini, 22 anos, foi detida na terça-feira passada pela chamada "polícia de moralidade" de Teerão, capital do Irão, onde se encontrava de visita, por alegadamente trazer o véu de forma incorreta e transferida para uma esquadra com o objetivo de assistir a "uma hora de reeducação".
Segundo a Efe, o embaixador britânico, Simon Shercliff, foi convocado em protesto contra a divulgação de notícias pelos órgãos de comunicação social do Reino Unido em relação à morte nas instalações policiais da jovem Mahsa Amini.
"Em resposta à atmosfera hostil criada pelos media sediados em Londres contra a República Islâmica do Irão, o embaixador britânico em Teerão foi convocado pelo diretor-geral para a Europa Ocidental para se deslocar ao Ministério dos Negócios Estrangeiros", indica a agência de notícias Mehr.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão também convocou o embaixador norueguês por comentários de "ingerência" do presidente do Parlamento, Masud Gharahjani, sobre os protestos no Irão usando a rede social Twitter.
"A internet não está funcionar no Irão. Nas cidades iranianas, os jovens estão nas ruas a gritar por justiça, democracia e liberdade. Os manifestantes estão a enfrentar um regime desesperado que está a reprimir protestos com violência", diz o embaixador numa das várias mensagens.
A morte de jovem Mahasa Amini provocou graves distúrbios e protestos em massa no Irão que provocaram até ao momento pelo menos 50 mortos, segundo organizações não governamentais.
O realizador iraniano Asghar Farhadi, vencedor de um Óscar por duas vezes, apelou hoje ao mundo para que se "solidarize" com os protestos no Irão pela morte da jovem Mahsa Amini e saudou as "mulheres corajosas" do seu país.
"Convido todos os artistas, cineastas, intelectuais, ativistas dos direitos civis em todo o mundo, e a toda a gente que acredita na dignidade e direitos humanos para que sejam solidários com estes corajosos e poderosos homens e mulheres do Irão, criando vídeos, ou escrevendo, ou de qualquer outra forma", apela o cineasta iraniano, num 'post' na sua página do Instagram, a que a Lusa teve acesso.
O realizador prestou homenagem às "mulheres corajosas que lideram os protestos", referindo que estão "simplesmente a exigir os direitos fundamentais dos quais o Estado as privou há anos".
O cineasta disse que a maioria das mulheres que protestavam eram "muito jovens, 17, 20 anos".
"Vi a indignação e a esperança nos seus rostos e na forma como marcharam pelas ruas. Respeito profundamente sua luta pela liberdade e pelo direito de escolher o seu próprio destino, apesar de toda a brutalidade que sofrem", afirmou
O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, ordenou uma investigação sobre o que aconteceu à jovem Mahsa Amini.
Mahsa Amini, depois de detida, morreu três dias depois num hospital onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco, que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.
Desde então multiplicaram-se os protestos em pelo menos 20 cidades, com milhares de manifestantes antigovernamentais e forças de segurança a entrarem em confrontos, naqueles que são já considerados como os distúrbios políticos mais graves no país desde 2019.
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