Num momento em que o Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), que governa o país há três décadas, desde o fim do regime do apartheid na África do Sul, deve decidir em dezembro se renomeará o atual presidente, Cyril Ramaphosa, para se candidatar às próximas eleições presidenciais, Zuma, com 80 anos, informou na segunda-feira à noite, em comunicado de imprensa, que está disponível para "servir" o partido.
Na nota, Zuma apoia a candidatura da sua ex-mulher, Nkosazana Dlamini-Zuma, para derrotar Ramaphosa no decisivo congresso do partido, no final do ano, e para concorrer às presidenciais do país em 2024, e oferece os seus serviços.
"Apesar das dificuldades causadas pela minha situação legal atual, tive consultas com líderes do ANC", escreveu, acrescentado que vários lhe pediram para que se disponibilizasse para assumir responsabilidades dentro do partido.
"Não recusarei tal apelo se julgarem necessário que eu sirva novamente a organização", afirma na nota citada pela agência de notícias francesa, AFP.
Este anúncio vem alimentar as fortes divisões já existentes dentro do ANC, principalmente entre os apoiantes de Ramaphosa, que esperam que este seja reconduzido para a liderança do partido em dezembro para concorrer a um segundo mandato de cinco anos como nas próximas eleições, e os partidários do carismático Jacob Zuma, que continuam a ser muitos.
Zuma, um ex-responsável dos serviços de inteligência do ANC no exílio durante o regime do apartheid na África do Sul, foi eleito para presidente do seu país em 2009, mas foi forçado a renunciar nove anos depois a favor do seu vice-presidente Ramaphosa, por alegado envolvimento em atos de corrupção.
Em novembro passado, o apoio dos sul-africanos ao ANC caiu abaixo de 50%, pela primeira vez nas sondagens locais, o que representa um crescente descontentamento com o partido, que é acusado de falência e corrupção generalizada.
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