Bill Browder é um investidor norte-americano, fundador da Hermitage Capital Management - um fundo de investimento que entrou no mercado da Rússia em 2000 - e o 'inimigo número um' de Vladimir Putin. Isto porque se apercebeu da corrupção que lavra no país e tentou trazê-los à luz.
Em Portugal, e entrevistado pela CNN Portugal, Browder recordou o advogado que o ajudou nesta 'missão', Sergei Magnitsky. Ambos terminaram acusados na Rússia por fraude fiscal, com Magnitsky a chegar mesmo a ser detido.
"Ele descobriu todos os crimes, testemunhou contra os agentes envolvidos, pensando que estava a fazer algo patriótico pelo seu país", contou Browder. "Em vez de lhe darem uma palmada nas costas e agradecer-lhe pelo serviço, prenderam-no, colocaram-no na prisão a aguardar julgamento e torturaram-no por 358 dias".
Browder só não foi também detido porque, nessa altura, se encontrava fora do país. Na mesma entrevista, o norte-americano acusa ainda os russos de terem matado Sergei Magnitsky: "As autoridades russas mataram-no quando estava sob custódia no dia 16 de novembro de 2009".
E foi ao 'levar' Obama a aprovar o ato Magnitsky - que impunha sanções a oligarcas - que levou Bill Browder à condição de 'inimigo número um' de Putin. O presidente russo chegou mesmo a pedir aos Estados Unidos para que o investidor fosse entregue, algo com que Trump, já como presidente, concordou: "Ele estava a perseguir-me por todo o mundo desde 2012. Mas fiquei chocado por Trump ter concordado em entregar-me".
A decisão foi rejeitada pelo Congresso dos Estados Unidos.
E a guerra na Ucrânia?
A guerra na Ucrânia foi outro dos temas da entrevista de Bill Browder à CNN Portugal. Para o norte-americano, o objetivo é só um: "estar em guerra". "Não é a NATO ou o Império Russo. É estar em guerra, ser um homem forte, ser um ditador e ter pessoas zangadas com um inimigo estrangeiro em vez de zangadas com o seu próprio líder".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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