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Quem entrar no Reino Unido ilegalmente deve ser "devolvido ao seu país"

O governo britânico quer impedir os migrantes que atravessam ilegalmente o canal da Mancha de solicitarem asilo no Reino Unido, referiu hoje a ministra do Interior, num anúncio contestado pelas associações de refugiados por "violar as convenções internacionais".

Quem entrar no Reino Unido ilegalmente deve ser "devolvido ao seu país"
Notícias ao Minuto

23:51 - 04/10/22 por Lusa

Mundo Reino Unido

"Quem entrar no Reino Unido ilegalmente desde um país seguro, deve ser imediatamente devolvido ao seu país de origem ou transferido para o Ruanda, onde o seu pedido de asilo será analisado", sublinhou a ministra ultraconservadora Suella Braverman, aplaudida no Congresso do Partido Conservador em Birmingham, no centro da Inglaterra.

Londres tornou a questão da imigração uma prioridade desde o Brexit e diz que quer reduzir o número de imigrantes que o país recebe.

Suella Braverman realçou que existem "muitos requerentes de asilo a abusarem do sistema" e a não atenderem "às necessidades da economia".

Mais de 33.500 pessoas fizeram a perigosa travessia do canal da Mancha desde o início do ano, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

Este número tem vindo a aumentar constantemente desde 2018, apesar das promessas dos sucessivos governos conservadores.

As medidas anunciadas por Braverman foram denunciadas em uníssono por organizações que defendem os direitos dos migrantes, que acreditam que são uma distração, num momento em que os britânicos, a maioria a favor do acolhimento de migrantes de acordo com sondagens, se preocupam em primeiro lugar com a crise do custo de vida.

A fundadora do Care4Calais, Clare Mosley, criticou um projeto "bárbaro, enganoso e desnecessário" e denunciou a "falsa" retórica do governo sobre este assunto.

O Conselho de Refugiados destacou que os anúncios vão contra a Convenção das Nações Unidas sobre Refugiados, que estabelece que um migrante não pode ser penalizado no seu pedido de asilo pela forma como entrou no país onde o está a solicitar.

Como parte da sua luta contra a imigração, o governo anunciou na primavera que deportaria certos requerentes de asilo para Ruanda.

Esta política foi até agora bloqueada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, decisão que Suella Braverman lamentou, apelando ao Reino Unido para "retomar o controlo" face a "um tribunal estrangeiro que põe em perigo a soberania" dos britânicos.

Em 2021, registou-se no total a chegada de 28.500 migrantes ao Reino Unido pelo Canal da Mancha, um número que ultrapassou todos os valores desde o início da travessia em 2018, com o fecho do porto francês de Calais e do Túnel da Mancha.

Segundo um relatório parlamentar britânico recente, a estimativa para este ano é que 60 mil pessoas cheguem ao Reino Unido por esta via, apesar das repetidas promessas do Governo conservador britânico, desde o Brexit, em apoiar financeiramente a França para ajudar a reforçar a sua vigilância costeira e em fortalecer o acolhimento de migrantes.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde 2014 pelo menos 203 pessoas já morreram ou desapareceram, em mar ou em terra, na tentativa de chegar ao Reino Unido pela costa da França, sendo que no final de 2021, 27 pessoas foram vítimas de naufrágio.

Leia Também: Reino Unido prolonga envio de sistema de defesa antimísseis para Kyiv

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