Refugiado do Sri Lanka luta por asilo no Reino Unido há quase 20 anos

O Ministério do Interior levou apenas uma semana a recusar o pedido de asilo de Mayooran Thangaratnam em 2003.

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Beatriz Maio
11/10/2022 18:00 ‧ 11/10/2022 por Beatriz Maio

Mundo

Reino Unido

Mayooran Thangaratnam, de 41 anos, natural do Sri Lanka fugiu do seu país para o Reino Unido em 2003 após o assassinato do seu pai, contudo foi-lhe recusado asilo devido a um erro.

Embora tenha fornecido provas ao governo britânico de que o seu pai, jornalista que passou informações à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a perseguição do governo do Sri Lanka aos tâmeis - um grupo étnico nativo do estado indiano de Tâmil Nadu -, foi assassinado pelas forças do Sri Lanka e que a sua vida também estava em perigo, o Ministério do Interior do Reino Unido identificou-o como assassino de um bebé de um ano, negando-lhe assim a permanência no país.

Na altura, o Ministério do Interior levou apenas uma semana a recusar o seu pedido de asilo e ordenou que se apresentasse regularmente nos centros do Ministério do Interior, o que fez durante vários anos. Para tomar esta decisão, o governo consultou o arquivo onde constava que o refugiado tinha "múltiplas condenações penais" e inclusive "foi preso pelo assassinato de um bebé de um ano e condenado a 16 anos de prisão, em 2004, pelo crime", relata o jornal britânico The Guardian.

Porém, um relatório da Polícia, que contém todos registos criminais, declara que não existem dados sobre Thangaratnam. Apesar de, no seu ficheiro do Ministério do Interior constar que esteve preso, outros registos mostram que entrou em contacto com o governo no mesmo período.

Em três anos diferentes - 2008, 2014 e 2018 - o Ministério do Interior tentou deportá-lo, o que o deixou "num estado de profundo desespero". O seu plano era entrar para a universidade e estudar contabilidade mas, em vez disso, passou o tempo a apresentar-se ao Ministério do Interior e a viver sem condições.

"Passei os melhores anos da minha vida no limbo. Esperava ir para a universidade e começar uma carreira, mas perdi essa oportunidade", disse Thangaratnam acrescentando: "Quando descobri que o Ministério do Interior tinha um registo no meu processo onde alegadamente assassinei uma criança, senti-me muito traumatizado".

Numa nota de arquivo do ministério onde foi avaliado o estado do refugiado para decidir sobre a sua deportação pode ler-se: "É de notar que o indivíduo afirma sofrer de depressão. No entanto, não existem provas profissionais que corroborem esta alegação e, como tal, não é necessário um médico".

Em 2019, Thangaratnam contratou um novo advogado que o ajudou a conseguir estatuto de refugiado. Atualmente, em conjunto com o seu solicitador Naga Kandiah, pediu uma licença por tempo indeterminado ao governo britânico para permanecer no país.

Leia Também: Teerão critica sanções britânicas contra polícia da moralidade

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