"Nós temos, seguramente, um quadro organizado internamente dentro da UE, que não encontra paralelo noutras partes do mundo, mas trabalhamos, tanto dentro da União como no resto do mundo e creio que não se deve fazer uma justaposição radical contrastando a UE com o resto do mundo", declarou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas portugueses no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco comunitário, no Luxemburgo.
Dias depois de o Alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, ter comparado a UE a "um jardim" e o resto do mundo a "uma selva" em termos diplomáticos, o ministro português apontou que Portugal, assim como o bloco comunitário, tem "um diálogo profícuo com as mais diversas partes do mundo".
"E temos, obviamente, muito respeito por esses países com quem estamos em permanente contacto", acrescentou.
Ressalvando que "o mundo atual é complexo e é difícil", João Gomes Cravinho adiantou que o cenário internacional "não se compadece com comparações muito simples dessa natureza".
A posição surge depois de, passada na quinta-feira, Josep Borrell ter afirmado durante um discurso no Colégio da Europa, na cidade belga de Bruges, que a UE é "um jardim", enquanto "a maior parte do resto do mundo é uma selva".
"Os jardineiros têm de ir para a floresta. Os europeus têm de se envolver muito mais com o resto do mundo [porque], caso contrário, o resto do mundo irá invadir-nos, por diferentes formas e meios", adiantou o chefe da diplomacia da UE.
As declarações foram criticadas por várias personalidades europeias e por professores do Colégio da Europa, que se desmarcaram das palavras de Josep Borrell.
Questionada hoje sobre esta situação na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, a porta-voz do executivo comunitário Dana Spinant garantiu que, "obviamente, a presidente [da instituição, Ursula von der Leyen] tem confiança no Alto Representante".
Dana Spinant apontou ainda que Josep Borrell, como é vice-presidente da Comissão Europeia e chefe da diplomacia da UE, tem competências que vão além do executivo comunitário, podendo abranger outras questões dos pontos de vista "político e jurídico".
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