Moussa Dadis Camara, o seu ajudante de campo e uma dezena de ex-militares e funcionários governamentais, estão a ser julgados desde 28 de setembro por um tribunal criminal de Conacri pela série de assassínios, violações e atos de tortura cometidos durante a repressão de uma manifestação da oposição em 28 de setembro de 2009 e nos dias seguintes.
O tribunal começou a ouvir hoje um dos principais réus, o tenente Aboubacar Sidiki Diakité, conhecido como "Toumba", ex-ajudante de campo do capitão Camara e chefe da sua unidade de proteção, e que também é um dos principais acusadores do antigo ditador.
Após a abertura histórica do julgamento e antes do interrogatório do próprio Moussa Dadis Camara, este foi um dos momentos mais esperados do julgamento, que se espera venha a durar vários meses.
No tribunal, o tenente Diakité, dirigindo o olhar para o seu antigo presidente, desafiou-o a assumir o cargo de chefe de Estado aquando dos acontecimentos.
"Foi ele que ordenou tudo. Todos os que o aconselharam disseram-lhe para vir aqui dizer: 'Sou eu, Presidente Dadis, fui eu quem mandei você. Eu estava no comando, comandante-em-chefe das Forças Armadas Guineenses, Presidente da Transição, Presidente da República, fui eu, então o que aconteceu, o que aconteceu, sou eu, peço perdão ao povo da Guiné, e aqui está, mais uma vez perdão'. Isso é ser um homem", afirmou de forma assertiva Diakité.
Pelo menos 156 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas e pelo menos 109 mulheres foram violadas em 28 de setembro de 2009 e nos dias seguintes, de acordo com o relatório de uma comissão internacional de inquérito da ONU.
O tenente Diakité acusou no passado o capitão Camara de ter ordenado a repressão, mas o antigo ditador argumentou que as atrocidades cometidas foram perpetradas por homens descontrolados.
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