Presidente turco vê oportunidade para renovar relações com a Arménia
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou hoje ser necessário "aproveitar a oportunidade" de renovar as relações com a Arménia, em paralelo com uma normalização das relações entre Erevan e o Azerbaijão.
© REUTERS/Bernadett Szabo
Mundo Recep Tayyip Erdogan
Erevan e Baku iniciaram em outubro a elaboração de um projeto de acordo de paz entre os dois países inimigos do Cáucaso, e Erdogan manteve de seguida conversações com o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, na República Checa.
"Os processos de normalização entre o Azerbaijão e a Arménia, entre a Turquia e a Arménia, são interdependentes", sublinhou hoje Erdogan durante uma vista ao Azerbaijão.
"Devemos aproveitar a oportunidade que se apresenta", declarou no decurso de uma conferência de imprensa conjunta com o homólogo azeri, Ilham Aliev.
Os dois presidentes assistiram à inauguração de um novo aeroporto em Zangilan, uma cidade retomada aos separatistas arménios do Nagorno-Karabakh durante o conflito armado de 2020.
"A unidade entre o Azerbaijão e a Turquia envia uma mensagem importante à região e ao mundo inteiro: é um fator de estabilidade", indicou por sua vez Aliev.
A Turquia e a Arménia -- uma ex-república soviética que, como o Azerbaijão, acedeu à independência em 1991 --, estão envolvidas num contencioso de décadas devido à exigência de Erevan do reconhecimento do designado genocídio arménio pelo império otomano em 1915, uma qualificação que Ancara continua firmemente a rejeitar.
Os dois países não possuem representações diplomáticas oficiais e as suas relações voltaram a deteriorar-se pelo apoio da Turquia ao Azerbaijão, país de maioria muçulmana turcófona, no decurso do conflito armado de 2020 pelo controlo do Nagorno-Karabakh.
A Arménia e o Azerbaijão declararam a independência em 1991 e o início do conflito, que se agudizou nos últimos meses, centrou-se em torno do enclave do Nagorno-Kharabakh.
Esta região em território azeri, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou a independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990, que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.
Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e Estados Unidos), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram a ser frequentes, e implicaram importantes confrontos em 2018.
Cerca de dois anos depois, no outono de 2020, a Arménia e o Azerbaijão enfrentaram-se durante seis semanas pelo controlo do Nagorno-Karabakh numa nova guerra que provocou 6.500 mortos e com uma pesada derrota arménia, que perdeu uma parte importante dos territórios que controlava há três décadas.
Após a assinatura de um acordo sob mediação russa, o Azerbaijão, apoiado militarmente pela Turquia, registou importantes ganhos territoriais e Moscovo enviou uma força de paz de 2.000 soldados para a região do Nagorno-Karabakh.
Apesar do tímido desanuviamento diplomático, os incidentes armados permaneceram frequentes na zona ou ao longo da fronteira oficial entre os dois países.
Após diversos esforços de mediação de Bruxelas e Washington, os ministros dos Negócios Estrangeiros arménio e azeri encontraram-se em 03 de outubro em Genebra para iniciar a redação de um projeto de tratado de paz.
Leia Também: Erdogan pede a Zelensky que procure uma solução diplomática para a guerra
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com