O capitão Ibrahim Traoré, o jovem oficial militar que liderou o golpe de Estado de 30 de setembro no Burkina Faso, foi hoje empossado como Presidente de transição.
Traoré, 34 anos, prestou juramento numa cerimónia na sede do Conselho Constitucional na capital do país, Ouagadougou.
"Pelo meu país lutarei até ao meu último suspiro", prometeu o líder militar, após ter sido lembrado pelo presidente do Conselho Constitucional, Boureima Cisse, que "não basta tomar o poder", mas é necessário assumi-lo "bem" e ao serviço do povo do Burkina Faso.
"Estarei empenhado ao vosso lado, a todos os burquinabés, nas diferentes frentes", disse Traoré no seu discurso de tomada de posse, no qual apelou à "mobilização patriótica e popular" e prometeu pôr fim à insegurança do terrorismo, uma das razões que tinha apresentado para realizar o golpe de Estado.
"O nosso objetivo não é outro senão a reconquista do território do Burkina ocupado por terroristas e para devolver a esperança ao povo", disse, avisando que "a própria existência da nação está em perigo".
O capitão tomou posse após ser nomeado Presidente de transição, chefe de Estado e comandante supremo das forças armadas, por uma conferência nacional, no dia 14.
O líder militar, o chefe de Estado mais jovem do mundo, foi nomeado Presidente transitório por cerca de 300 delegados (representantes políticos, militares, religiosos e da sociedade civil) das 13 regiões do Burkina Faso, que se reuniram para chegar a acordo sobre um roteiro para o regresso à ordem constitucional.
Em princípio, Traoré deve liderar a transição política durante 21 meses, se mantiver a sua palavra.
O capitão reuniu-se em Ouagadougou no dia 04 com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e assegurou que respeitaria o calendário que a organização acordou com o seu antecessor, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Este calendário prevê um regresso à ordem constitucional até 01 de julho de 2024, o mais tardar.
O Burkina Faso sofreu o seu segundo golpe de Estado este ano, a 30 de setembro, a seguir ao que foi liderado por Damiba, a 24 de janeiro.
Traoré tomou posse como chefe de Estado a 05 de outubro, quando levantou a suspensão da Constituição durante o golpe de Estado.
A tomada do poder pelos militares ocorreu em ambas as ocasiões na sequência do descontentamento entre a população e o exército pelos frequentes ataques jihadistas que o país tem sofrido desde abril de 2015, levados a cabo por grupos ligados tanto à Al-Qaida como ao Estado Islâmico, que deslocaram quase dois milhões de pessoas.
Leia Também: Exército do Burkina Faso lança recrutamento para combater fundamentalismo