Zelensky rejeita acusações russas de "bomba suja" e pede resposta "forte"
O Presidente ucraniano rejeitou, este domingo, as acusações de Moscovo de que Kiev tenciona lançar uma "bomba suja" no seu território e acusar a Rússia, como afirmou o ministro da Defesa russo em conversas telefónicas com países da NATO.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
"Se a Rússia telefona e diz que a Ucrânia está a preparar alguma coisa, isso significa uma só coisa: a Rússia já preparou tudo. Penso que agora, o mundo deve reagir tão fortemente como possível", declarou Volodymyr Zelensky nas redes sociais.
Zelensky referia-se aos telefonemas feitos pelo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, aos seus homólogos francês, britânico, turco e norte-americano, alertando de que a Ucrânia estaria a preparar "uma provocação" com uma "bomba suja", contendo elementos radioativos, que faria explodir no seu próprio território para depois culpar Moscovo.
Se a Rússia preparou "uma nova fase de escalada [do conflito], ela deve ver agora, de forma preventiva e antes de mais uma das suas 'manobras sujas', que o mundo não aceitará isso", frisou o Presidente ucraniano.
Zelensky considerou que a ameaça russa de utilizar armas nucleares contra o seu país "é um motivo não só para sanções como para um apoio ainda maior à Ucrânia".
"Ainda mais, contra o nosso país, que renunciou ao seu arsenal nuclear", acrescentou.
Horas antes, já o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, declarara nas redes sociais que "as efabulações russas de que a Ucrânia se prepara para utilizar uma 'bomba suja' são tão absurdas como perigosas".
"Os russos muitas vezes acusam os outros daquilo que eles mesmos estão a preparar", acrescentou.
No seu discurso diário à nação, Zelensky disse que onde quer que a Rússia chegue "deixa valas comuns, câmaras de tortura, cidades e aldeias destruídas, terras minadas, infraestruturas destruídas e desastres naturais".
Na verdade, observou, foi a Rússia "quem chantageou com uma catástrofe de radiação" na central nuclear de Zaporijia, e são os mísseis russos os que passam sobre as instalações nucleares ucranianas.
Também foram as tropas russas quem minou a barragem de Kakhovka e "estão a fazer chantagem com a sua detonação", e é a Rússia "que utiliza munições de fósforo, minas antipessoais proibidas e toda a gama de armas contra as infraestruturas civis", prosseguiu.
"Só há uma pessoa que poderá usar armas nucleares na nossa parte da Europa, e essa pessoa é quem ordenou ao camarada Shoigu que telefonasse para algum sítio", defendeu.
Também a Casa Branca reagiu às mesmas acusações sobre uma "bomba suja" da Ucrânia hoje feitas pelo ministro da Defesa russo, num telefonema ao secretário da Defesa norte-americano Lloyd Austin, afirmando a sua porta-voz do Conselho de Segurança Nacional que tais afirmações são "claramente falsas".
Os Estados Unidos rejeitam "as acusações claramente falsas do ministro [da Defesa russo, Serguei] Shoigu, segundo quem a Ucrânia se prepara para utilizar uma 'bomba suja' no seu próprio território", afirmou Adrienne Watson num comunicado.
"O mundo não será enganado em caso de tentativa de utilizar tal acusação como pretexto para uma escalada" no conflito, advertiu.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,7 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 242.º dia, 6.306 civis mortos e 9.602 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Leia Também: "A Rússia não tem hipótese de vencer esta guerra", diz Zelensky
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com