Quem é Rishi Sunak, que conseguiu ser primeiro-ministro à 2.ª tentativa?
Descendente de indianos e hindu praticante, o antigo ministro das Finanças britânico Rishi Sunak vai tornar-se, à segunda tentativa, no primeiro chefe de Governo não-branco do Reino Unido e o mais jovem das últimas décadas.
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Mundo Reino Unido
O político de 42 anos foi hoje declarado líder do Partido Conservador, sem oposição depois da desistência de Penny Mordaunt e do antigo primeiro-ministro Boris Johnson, e deverá ser indigitado chefe de Governo nas próximas horas.
A subida ao posto menos de dois meses depois de ter sido derrotado por Liz Truss na eleição para a liderança do Partido Conservador é igualmente surpreendente e irónica.
A primeira-ministra demissionária renunciou na quinta-feira, após tentar implementar um programa económico que Sunak avisou que seria "irresponsável" porque iria aumentar a dívida pública, agravando a inflação e as taxas de juro, o que veio a acontecer.
O antigo ministro das Finanças tem agora pela frente uma grave crise económica e financeira, com o país à beira de uma recessão e pressionado para cortar a despesa pública.
Ao mesmo tempo, enfrenta a contestação de cada vez mais funcionários públicos, como professores e enfermeiros que pedem aumentos salariais, e do Partido Trabalhista, que tem uma vantagem de cerca de 30 pontos percentuais nas sondagens.
A Rishi Sunak são apontadas a educação privilegiada na exclusiva escola privada de Winchester e a riqueza pessoal para o criticar como alguém "desligado" das dificuldades do quotidiano dos cidadãos comuns.
Sunak e a esposa Akshata Murty, filha de um magnata indiano co-fundador da multinacional Infosys, entraram este ano para a 222.ª posição da lista dos mais ricos do jornal Sunday Times, com uma fortuna estimada em 730 milhões de libras (840 milhões de euros no câmbio atual).
Porém, o antigo analista financeiro tem invocado as origens humildes dos avós imigrantes, que chegaram ao Reino Unido nos anos 1960, e dos pais, um médico e uma farmacêutica que trabalharam para dar aos filhos uma boa educação e oportunidades.
Os britânicos devem julgá-lo "pela personalidade e ações, não pela conta bancária", argumentou várias vezes durante a campanha no verão.
Nascido em 12 de maio de 1980 na cidade inglesa de Southampton, Rishi Sunak é o mais velho de três irmãos. Depois de se licenciar em Filosofia, Política e Economia (PPE) em Oxford, completou os estudos com um MBA na Universidade de Stanford nos EUA, onde conheceu a esposa.
O casal tem duas filhas, Krishna e Anoushka, de 11 e nove anos, respetivamente.
Após trabalhar para o banco de investimento Goldman Sachs e outras instituições financeiras, Sunak entrou para a política, destacando-se como um partidário acérrimo da saída do Reino Unido da União Europeia.
Em 2015, foi eleito deputado pela circunscrição de Richmond no condado de Yorkshire, no norte de Inglaterra, uma região essencialmente rural e tradicionalmente conservadora que antes foi representada pelo líder 'tory' William Hague.
Desde então, teve uma ascensão meteórica devido ao envolvimento ativo na campanha pelo Brexit em 2016, tendo inclusive representado Boris Johnson em vários debates televisivos nas eleições legislativas de 2019.
Nomeado em 2019 secretário de Estado das Finanças, Rishi Sunak foi promovido um ano mais tarde a ministro das Finanças após a demissão inesperada de Sajid Javid, tornando-se desde então um potencial sucessor de Boris Johnson.
Sunak ganhou elogios por introduzir rapidamente programas de apoio no valor de milhares de milhões de libras para manter postos de trabalho e empresas a funcionar durante 18 meses de confinamentos devido à pandemia de covid-19.
Mas caiu em desgraça entre os militantes, nomeadamente devido ao aumento da contribuição para a Segurança Social para financiar a pesada despesa com a saúde e assistência social, e por ter desempenhado um papel influente na queda abrupta de Boris Johnson.
Na carta de demissão, em 05 de julho, Sunak alegou que os príncipios de boa conduta "importam" e distanciou-se da falta de "seriedade e competência" do então primeiro-ministro.
Tanto na eleição que perdeu para Liz Truss como nesta que hoje terminou, foi o candidato com mais votos entre os deputados conservadores.
Mas, mesmo depois de a turbulência económica dos últimos meses terem mostrado que tinha razão na abordagem prudente à economia, Sunak continua a dividir opiniões e muitos dos militantes acusam-no "trair" e "apunhalar nas contas" o popular Boris Johnson.
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