Este Governo "quer acabar com as saídas ilegais [de África] e acabar com o tráfico de pessoas" no Mediterrâneo, defendeu Giorgia Meloni, explicando que vai pedir à União Europeia (UE) que recupere a operação naval Sophia, através da qual foi feito, entre 2015 e 2020, um patrulhamento regular do Mediterrâneo por aviões europeus com vista a desmantelar redes de traficantes de seres humanos.
"A nossa intenção é recuperar a proposta original da missão naval Sophia da União Europeia, que, na terceira fase, previa, embora isso nunca tenha acontecido, o bloqueio de saídas de navios do Norte de África", explicou.
"Pretendemos propô-lo a nível europeu e implementá-lo de acordo com as autoridades norte-africanas, acompanhado da criação, em África, de centros de identificação, geridos por organismos internacionais, onde seja possível analisar os pedidos de asilo e distinguir quem tem o direito de ser aceite na Europa".
A nova primeira-ministra italiana assegurou que não pretende, "de forma alguma, questionar o direito de asilo daqueles que fogem da guerra e da perseguição", mas antes travar os traficantes.
Meloni criticou a "terrível incapacidade de encontrar soluções adequadas para as várias crises migratórias" do passado e lembrou que "muitos homens, mulheres e crianças encontraram a morte no mar na tentativa de chegar à Itália".
Por isso, declarou, "este Governo quer seguir um caminho até agora pouco percorrido: travar as saídas ilegais e acabar finalmente com o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo".
A questão da migração, uma das mais polémicas em Itália, já que o país tem sido, nos últimos anos, uma das principais portas de entrada de migrantes irregulares para a Europa, fez parte da apresentação do programa de Governo de Giorgia Meloni à Câmara dos Deputados, que irá, ainda hoje, votar uma moção de confiança.
A questão é ainda mais relevante pelo facto de um dos líderes dos partidos da coligação governamental, no caso Marreo Salvini, do Liga, ter sido um opositor fervoroso à imigração quando foi ministro do Interior.
Salvini enfrenta atualmente um julgamento por sequestro e abuso de poder por ter proibido o desembarque de 147 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo pelo navio organização Open Arms, em agosto de 2019.
Durante a campanha eleitoral, Salvini chegou a dizer que a Itália era um país mais seguro quando estava no poder e defendeu que os pedidos de asilo passassem a ser realizados em centros de migração no norte de África e não nos países de destino.
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