Centenas de iranianos recordam Mahsa Amini no 40.º dia da sua morte

Centenas de pessoas reuniram-se hoje diante do túmulo da jovem Mahsa Amini para assinalar os quarenta dias da sua morte, num ritual muito respeitado pelos iranianos, após ter sido ser detida em setembro pela polícia da moralidade iraniana.

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Lusa
26/10/2022 11:46 ‧ 26/10/2022 por Lusa

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Irão

A cerimónia do 40.º dia da morte de Mahsa Amini realiza-se no cemitério de Aichi, na cidade de Saqez, no Curdistão iraniano, de onde era a jovem de 22 anos, confirmou a agência de notícias oficial ISNA.

Na cultura muçulmana xiita do Irão, o rito para recordar o morto 40 dias após a sua morte, data que encerra o luto da família, é de grande importância. A celebração do rito está a decorrer apesar de o gabinete do governador provincial ter anunciado que "a família não vai assinalar a data".

A ISNA afirmou ainda que o ato decorre "de forma pacífica", "sem qualquer tipo de conflito ou tensão com as forças policiais presentes nas ruas da cidade".

A agência de notícias oficial também divulgou que as estradas para o cemitério não foram encerradas, contrariando os ativistas que partilharam vídeos nas redes sociais.

"Mulher, vida, liberdade", gritavam dezenas de pessoas no cemitério e muitas mulheres despiram e acenaram com os seus véus.

Outras frases proferidas eram "morte ao ditador", em referência ao líder supremo do Irão, Ali Khamenei.

Grupos de ativistas convocaram na terça-feira protestos para hoje com o objetivo de assinalar os 40 dias da morte de Amini.

"Apelamos a todos para se manifestarem nos bairros, nas universidades e nos mercados a partir das 11:00", disse o grupo de jovens dos bairros de Teerão.

Na manhã de hoje, muitos protestos aconteceram em várias universidades, na sequência deste apelo.

Mahsa Amini morreu num hospital em 16 de setembro, três dias após ser detida pela polícia da moralidade por usar o véu islâmico alegadamente de forma incorreta. Desde então, os protestos mantêm-se, sendo duramente reprimidos pelas forças de segurança.

A indignação no Irão pela morte de Mahsa Amini provocou a maior onda de protestos contra o Governo desde as manifestações contra o aumento dos preços da gasolina de 2019, num país rico em petróleo.

As manifestações espalharam-se por inúmeras cidades iranianas e várias centenas de manifestantes, bem como membros das forças de segurança, acabaram por morrer ou ficaram feridos. Outras centenas de pessoas foram detidas pelas autoridades do país.

As universidades tornaram-se um dos principais pontos de protestos que causaram pelo menos 108 mortes, segundo a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.

Leia Também: Marcados novos protestos para assinalar 40 dias da morte de Mahsa Amini

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