Washington alerta que Pequim passou a rejeitar o 'status quo' em Taiwan
O secretário de Estado norte-americano alertou esta quarta-feira que a China rejeita o 'status quo' de longa data em Taiwan, reiterando a análise de Washington de que Pequim pretende acelerar o cronograma para a reunificação com a ilha.
© Getty Images
Mundo Taiwan
As declarações de Antony Blinken surgem após Xi Jinping ter obtido um terceiro mandato de cinco anos após o Congresso do Partido Comunista (PCC), onde reforçou o seu estatuto de líder chinês mais influente desde Mao Tse-tung.
O reforço do estatuto de Xi Jinping levantou receios em Taiwan, de que a China redobrará seus esforços para alcançar a reunificação, alerta transmitido esta quarta-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, ao Parlamento em Taipé.
Autoridades chinesas referiram esta quarta-feira que a China "está mais perto do que nunca" de alcançar a "reunificação total".
"Estamos mais perto do que nunca na nossa História e mais confiantes e capazes de que vamos alcançar o rejuvenescimento nacional e a reunificação completa da pátria", enfatizou o porta-voz do gabinete para os assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Ma Xiaoguang, em Pequim, em resposta a perguntas sobre as palavras de Xi sobre Taiwan, na abertura do 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC).
"As rodas da História estão a mover-se em direção à reunificação da China", disse Xi, que garantiu que a reunificação "vai ser concretizada".
Blinken lembrou que o 'status quo' - pelo qual os Estados Unidos reconhecem apenas uma China, mas fornecem armas à ilha para a sua defesa - tornou possível "garantir que não haja conflito entre os Estados Unidos e a China por causa de Taiwan".
Washington reconhece, desde 1979, Pequim como o único Governo chinês, com o entendimento de que Taiwan terá um futuro pacífico. Esta política é conhecida como "uma só China" e foi adotada pelo antigo Presidente Jimmy Carter.
Ao abrigo desta política, os Estados Unidos garantem apoio político e militar a Taiwan, mas não prometem explicitamente defender a ilha de um ataque da China
No entanto, o chefe da diplomacia norte-americana referiu à Bloomberg News que "o que mudou foi a decisão do Governo em Pequim de que o 'status quo' não é mais aceitável, que pretendem seguir em frente e acelerar o processo" de reunificação.
Antony Blinken enfatizou ainda que a China decidiu "tornar a vida difícil em Taiwan na esperança de que isso acelere a reunificação".
A China, segundo a qual Taiwan faz parte do seu território, comprometeu-se a controlar a ilha pela força, se necessário.
A pressão chinesa sobre Taiwan "deve preocupar não só os Estados Unidos, mas todos os países da região e do mundo", salientou Antony Blinken, citando, por exemplo, o crescente peso de Taiwan na produção de semicondutores.
"Se isso fosse interrompido por algum motivo, teria consequências profundas para a economia global", alertou.
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