A votação da resolução da Assembleia-Geral apelando ao fim do embargo cubano teve apoio de 185 países, oposição dos Estados Unidos e de Israel, e abstenção do Brasil e da Ucrânia.
O Governo de Joe Biden deu assim seguimento à linha do ex-presidente Donald Trump, recusando-se a retornar à abstenção adotada pela administração de Barack Obama, em 2016.
Antes da votação, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que, desde 2019, o Governo norte-americano "escalou o cerco em torno" do seu país, "levando-o a uma dimensão ainda mais cruel e humana, com o objetivo de infligir deliberadamente o maior dano possível às famílias cubanas".
Durante os primeiros 14 meses do Governo Biden, os danos à economia cubana foram estimados em 6,35 mil milhões de dólares (6,5 mil milhões de euros), o equivalente a mais de 15 milhões de dólares (15,3 milhões de euros) por dia, disse Rodriguez.
A votação hoje registada - de 185 votos a favor e dois contra - foi semelhante à de anos anteriores.
A votação da Assembleia-Geral em novembro de 2019 registou 187 votos contra três, com os Estados Unidos, Israel e Brasil a votar "não" e Colômbia e Ucrânia a absterem-se.
Já em junho de 2021, a votação - adiada em 2020 devido à pandemia - ficou em 184 contra dois, com os Estados Unidos e Israel a posicionarem-se pelo "não" e o Brasil, Colômbia e Ucrânia pela abstenção.
As resoluções da Assembleia-Geral não são juridicamente vinculativas, mas refletem a opinião mundial e a votação deu a Cuba um palco internacional para colocar em evidência o isolamento norte-americano face aos seus esforços de décadas para isolar a nação insular caribenha.
O embargo foi imposto em 1960 após a revolução liderada por Fidel Castro e a nacionalização de propriedades pertencentes a cidadãos e empresas norte-americanas. Dois anos depois foi reforçada.
Em junho de 2016, o então Presidente cubano Raúl Castro e o presidente Barack Obama restabeleceram oficialmente as relações e, naquele ano, os Estados Unidos abstiveram-se na resolução que pedia o fim do embargo pela primeira vez.
Mas o sucessor de Obama, Donald Trump, criticou duramente o histórico de direitos humanos de Cuba e, em 2017, os Estados Unidos votaram novamente contra a resolução.
Após a votação de hoje, a delegação da União Europeia junto da ONU destacou a unidade dos seus Estados-membros "pedindo o levantamento do embargo contra Cuba".
"A mudança positiva em Cuba é mais bem conseguida por um envolvimento mais próximo em todos os níveis. Cooperação internacional, diálogo e envolvimento crítico são o caminho a seguir", escreveu a delegação europeia na rede social Twitter.
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