Alexander Dugin, aliado de Vladimir Putin que viu a sua filha, Daria Dugina, morrer, em agosto passado, num atentado à bomba alegadamente autorizado por membros do governo ucraniano, considerou que a Rússia está a lutar uma "guerra santa" contra o "anticristo".
Em declarações proferidas na televisão estatal russa, Alexander Dugin revelou estar de acordo com os comentários recentes feitos por Ramzan Kadyrov, líder da Chechénia, que tinha apelado para que a Rússia levasse a cabo uma "dessatanização" da Ucrânia. Desde os seus comentários, Moscovo tem vindo a apelidar a sua invasão sobre Kyiv como se tratando de uma guerra santa.
"É uma guerra santa contra o ocidente satânico! Sim, é uma batalha ortodoxa, uma batalha final apocalíptica e escatológica da Rússia cristã ortodoxa, a Rússia santa, contra o anticristo", concordou Alexander Dugin, que acrescentou: "Este é o objetivo desta operação militar especial".
Alexander Dugin, na sua mais recente intervenção, explicou ainda que se "Kadyrov conseguiu encontrar a coragem de o dizer abertamente", os restantes russos não devem "hesitar em fazê-lo".
Esta nova postura comunicacional da parte da elite russa, que apresenta assim uma nova justificação para a ocorrência desta guerra, surge numa altura em que uma cada vez maior percentagem de cidadãos nacionais parece estar contra esta investida militar.
As declarações surgem, também, numa altura em que surgem relatos que dão conta de que comandantes russos estarão a fugir da cidade ucraniana ocupada de Kherson, perante a iminência de um ataque ucraniano. Isto apesar de esta ser uma região particularmente importante para o decurso deste conflito.
Esta guerra na Ucrânia causou já mais de 6.300 mortos entre os civis, entre os quais 379 são crianças. Contabilizam-se ainda 14 milhões de deslocados e refugiados, segundo os cálculos da ONU (Organização das Nações Unidas).
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