No dia em que arranca a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) em Sharm el-Sheik, no Egito, intensificam-se os protestos não só contra o evento, mas também contra o regime do país, liderado por Abdul Fatah Al-Sisi.
O escritor Alaa Abd El-Fattah, ativista que tem sido detido ao longo da última década e uma das principais vozes na revolta de 2011 que derrubou o governo de três décadas do presidente Hosni Mubarak, é um dos rostos que levou a um apelo ao boicote da COP27, mas é também um dos que este domingo escala o seu protesto e que poderá morrer durante o evento.
Alaa Abd El-Fattah, que está em greve de fome contra a sua prisão há mais de 200 dias, começa a partir de hoje também uma greve de água, recusando-se a consumir qualquer tipo de alimento e líquidos.
"Tomei a decisão de escalar [o protesto] num momento que considero adequado para a minha luta pela minha liberdade e a liberdade de prisioneiros de um conflito do qual não fazem parte ou do qual estão a tentar sair; para as vítimas de um regime que é incapaz de lidar com as suas crises exceto com a opressão, incapaz de se reproduzir exceto através do encarceramento”, explicou o escritor, numa carta enviada à família.
My brother just had his last glass of water in prison. Please keep his story alive, it's not over. He can be saved.
— Sanaa (@sana2) November 6, 2022
This afternoon I'm flying to Sharm, I have a civil society pass. The Egyptian regime claims civic space exists in #COP27 , I'll be testing that.#FreeAlaa pic.twitter.com/e2FsfRGmft
Desde este anúncio, vários grupos de direitos humanos têm alertado que, caso não seja libertado, Abdel-Fattah morrerá antes do final da COP27, que termina no próximo dia 18.
Sublinhe-se que muitas Organizações não governamentais (ONGs), bem como figuras políticas, acusam a organização de ajudar o regime do Egito, ao legitimar o governo através da conferência. Tem-se recordando que há mais de 60 mil presos políticos no país e várias figuras mundiais têm expressado a sua solidariedade para com estes, tal como foi o caso de Greta Thunberg, ou de alguns laureados com Prémios Nobel, que apelaram aos líderes mundiais para ajudar na sua libertação.
Em setembro, em Portugal, uma carta aberta foi assinada por vários políticos, jornalistas, ativistas e muitos outros cidadãos, pedindo o boicote à COP27, assim como a libertação de Alaa Abd El-Fattah.
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