Numa conferência no The Economic Club, em Nova Iorque, Milley disse que o mesmo número de vítimas tinha sido registado "provavelmente no lado ucraniano". "Houve uma tremenda quantidade de sofrimento, sofrimento humano", acrescentou.
O militar disse na quarta-feira que "os indicadores iniciais" mostram que as forças armadas russas estão de facto a retirar os entre 20 mil e 30 mil soldados que tinham na cidade ucraniana de Kherson, como tinham anunciado.
"Acredito que estão a fazer isso para preservar as suas forças para restabelecer as linhas defensivas ao sul do rio (Dniepre), mas isso ainda está para ser visto", realçou o chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou que os russos podem estar a fingir uma retirada de Kherson para atrair o exército ucraniano para uma batalha de trincheiras na estratégica cidade portuária industrial, uma porta de entrada para a península da Crimeia ocupada pelos russos.
Mark Milley disse que é possível que os russos usem a retirada para reposicionar as tropas para uma ofensiva de primavera, mas sublinhou que "há também uma oportunidade aqui, uma janela de oportunidade para negociações".
Tanto a Rússia quanto a Ucrânia teriam que alcançar um "reconhecimento mútuo" de que uma vitória militar "talvez não seja alcançável por meios militares e, portanto, é preciso recorrer a outros meios", notou Milley, citando o fim da Primeira Guerra Mundial como exemplo.
Kherson, no sul da Ucrânia, é umas regiões anexadas em setembro pela Rússia, tal como aconteceu com Lugansk, Donetsk e Zaporijia, o que foi condenado pela comunidade internacional.
Além disso, Kherson é também um dos alvos de uma contraofensiva lançada pelas forças de Kiev há cerca de dois meses.
A cidade de Kherson era a única capital regional que as forças russas tinham ocupado nos mais de oito meses de guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão de território ucraniano por parte da Rússia.
Zelensky disse na terça-feira que está aberto a negociações de paz com a Rússia para pôr um fim à guerra, mas apenas com a condição de que a Rússia devolva todas as regiões ocupadas da Ucrânia, pague indemnizações por danos de guerra e aceite processos por crimes de guerra.
A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classificou esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Leia Também: Ucrânia. Soldados russos de elite queixam-se da incompetência das chefias