"Tenho o prazer de poder anunciar que o Reino Unido vai aderir aos projetos de cooperação estruturada permanente de defesa e segurança (PESCO, na sigla original) sobre mobilidade militar", referiu o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, em conferência de imprensa de apresentação do plano de mobilidade militar na Europa.
Mais tarde, quando questionado sobre a possível entrada da Turquia, que também solicitou a participação em projetos militares conjuntos com a UE, Josep Borrell explicou que o pedido de Ancara está "a avançar".
Desde que o Reino Unido deixou a UE, a diplomacia europeia tem trabalhado para tentar integrar os britânicos em estruturas de colaboração para Defesa, investigação e universidades.
Em várias ocasiões, Borrell pediu uma cooperação "estrutural, permanente e organizada", destacando que é "uma peça fundamental da segurança internacional", mas lamentou a falta de harmonia para alcançá-la.
A UE apresentou esta quinta-feira o seu plano para adaptar estradas, caminhos-de-ferro e outras infraestruturas à circulação de tropas e meios militares para que as forças armadas europeias possam responder melhor, mais rapidamente e numa escala suficiente às crises que se apresentam nas fronteiras externas da comunidade, como a situação na Ucrânia.
Na Europa há livre circulação de bens, serviços, pessoas e capitais, mas "não temos livre circulação de soldados", destacou a vice-presidente executiva da Comissão Europeia (CE), Margrethe Vestager, salientando que a guerra serviu como um "despertar".
O novo plano proposto por Bruxelas, para 2022-2026, surge na sequência de um inicial sobre mobilidade militar apresentado em 2018.
Para isso, preconiza o reforço da capacidade da UE para apoiar os Estados-membros e os seus parceiros no transporte de tropas e seus equipamentos, trabalhar para tornar as infraestruturas mais bem conectadas e protegidas, agilizar as questões regulamentares, reforçar a cooperação com a NATO e promover a conectividade e o diálogo com os principais parceiros.
Uma parte central da proposta é justamente identificar potenciais lacunas de infraestrutura, priorizar melhorias e integrar os requisitos da cadeia de abastecimento de combustível, a fim de apoiar movimentos de grande escala e de curto prazo das forças militares.
Também pretende digitalizar processos administrativos relacionados à logística alfandegária e sistemas de mobilidade militar e promover medidas para proteger a infraestrutura de transporte de ataques cibernéticos e outras ameaças híbridas.
O reforço da cooperação com a NATO é outro objetivo, bem como com outros parceiros estratégicos da UE, como os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega, ao mesmo tempo que promove a conectividade e o diálogo com parceiros regionais e países candidatos à adesão à UE, como a Ucrânia, a Moldávia e a os Balcãs Ocidentais.
Para financiar estas iniciativas, a CE propõe a utilização de recursos do programa "Connect Europe" (que financia projetos de infraestrutura de transporte civil e militar de dupla utilização) e do Fundo Europeu de Defesa (que apoia o desenvolvimento de sistemas digitais e logísticos interoperáveis).
Leia Também: "Cautela" é a palavra de ordem, mas Sunak e Zelensky estão otimistas