A BBC revelou, esta quinta-feira, que 380 crianças com hemofilia e outras doenças do sangue foram infetadas com HIV durante tratamentos realizados no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), nas décadas de 70 e 80.
Estes novos dados fazem parte de uma investigação pública, já conhecida, que dá conta que, entre 1970 e 1991, 1.250 pacientes com doenças de sangue contraíram o vírus na sequência do Fator VIII, um tratamento considerado inovador, que substituía a proteína de coagulação que faltava no sangue. Sabe-se agora que um em cada três infetados eram crianças.
Em agosto, o governo britânico anunciou que ia começar a ressarcir as vítimas com 100 mil euros, assim como os companheiros daqueles que acabaram por morrer da doença. As indemnizações começaram a ser pagas este mês. Contudo, nem os pais enlutados nem os órfãos estão abrangidos pelo acordo.
A esperança é que quando o inquérito ao caso estiver concluído, no próximo ano, todos os que foram afetados sejam indemnizados.
Metade dos infetados já morreu
Ainda segundo a BBC, cerca de metade dos infetados acabou por morrer antes de ter acesso aos medicamentos antirretrovirais.
Além dos doentes contagiados com HIV, suspeita-se que, nesses mesmos anos, dezenas de milhares de outras pessoas foram expostas à hepatite C - que pode causar insuficiência hepática e cancro - , através do mesmo tratamento e de transfusões de sangue.
Nessa altura, o Reino Unido não era autossuficiente em produtos sanguíneos, pelo que recorria, frequentemente, a importações dos EUA. Cada lote era constituído por plasma sanguíneo de milhares de dadores. Bastava um ter HIV, para o vírus ser transmitido.
E terá sido assim que tudo aconteceu. As empresas farmacêuticas norte-americanas que forneciam os lotes terão pago a alguns grupos de risco, como reclusos e toxicodependentes, para se tornarem dadores e alguns deles estavam infetados.
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