O antigo presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, criticou, na segunda-feira, uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que considera que a Rússia deve compensar a Ucrânia pela guerra. Na ótica do político russo, trata-se de “uma forma de os anglosaxónicos roubarem os bens russos apreendidos ilegalmente”.
“A Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução não vinculativa sobre a compensação da Rússia por danos à Ucrânia”, começou por afirmar Medvedev na plataforma Telegram, antes de elencar as três “conclusões” da decisão.
“Os anglosaxónicos estão claramente a tentar [criar] uma base legal para o roubo de bens russos apreendidos ilegalmente”, disse, referindo-se ao congelamento de bens de oligarcas e pessoas próximas ao Kremlin na sequência da invasão da Ucrânia.
Para o político, a resolução deve também ditar “a compensação integral” dos Estados Unidos da América (EUA) “pelos danos causados à Coreia, Vietname, Iraque, Iugoslávia e outras numerosas vítimas dos americanos e da NATO”.
“Caso contrário, parece o fim da agonia da ONU como principal instituição internacional de reconciliação. O fim será doloroso para toda a comunidade internacional. Viveremos sem a tal organização das ‘nações unidas’”, alertou.
Em causa está uma resolução, aprovada ontem com 94 votos a favor, 14 contra e 74 abstenções, que considera a Rússia responsável pela violação da lei internacional devido à invasão da Ucrânia e que inclui o pagamento de compensações de guerra.
"A Ucrânia terá a enorme tarefa de reconstruir o país e recuperar desta guerra, mas essa recuperação nunca será completa sem um sentido de justiça para as vítimas da guerra russa. Chegou a hora de exigir responsabilidades à Rússia", disse o embaixador ucraniano, Sergiy Kyslytsya na apresentação do documento.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que cerca de seis mil civis morreram e quase dez mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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