"Os soldados não serão interrogados pelo FBI nem por qualquer país ou entidade, por muito amigos que sejam", declarou Lapid após a cerimónia de investidura no parlamento dos deputados israelitas eleitos nas legislativas de 01 de novembro.
"Não abandonaremos os nossos soldados aos inquéritos estrangeiros", acrescentou, indicando que Israel emitiu um "forte protesto" aos norte-americanos.
Na segunda-feira, o ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, tinha qualificado de "erro" o inquérito conduzido nos Estados Unidos sobre a morte da jornalista, palestiniana com nacionalidade norte-americana, abatida a tiro no decurso de uma incursão militar do exército judaico no norte da Cisjordânia ocupada, e que a sua família saudou como "uma etapa importante".
De acordo com o jornal digital norte-americano Politico, a polícia federal (FBI) está a investigar a morte de Shireen Abu Akleh, registada em 11 de maio no campo de refugiados palestinianos de Jenin.
Uma decisão pouco habitual devido às estreitas relações entre os dois países, e que foi decidida após o exército israelita ter recusado iniciar um processo judicial contra o soldado indiciado pela morte da jornalista.
O FBI recusou confirmar ou desmentir a existência deste inquérito.
"A decisão adotada pelo Ministério da Justiça norte-americano de conduzir um inquérito sobre a morte trágica de Shireen Abu Akleh é um erro", considerou na segunda-feira Gantz num 'tweet'.
As forças armadas israelitas efetuaram um inquérito "independente e com profissionalismo", e partilharam os detalhes com responsáveis norte-americanos, afirmou.
"Transmiti aos representantes americanos que nos mantemos ao lado dos soldados do exército israelita e que não vamos colaborar com um inquérito externo, e nem permitiremos ingerência nos nossos inquéritos internos", acrescentou o ministro.
A família da jornalista considerou por sua vez que o inquérito era uma "importante etapa para que fossem prestadas contas".
"Esperamos que este inquérito pelos Estados Unidos seja realmente independente, credível e completo", referiram os familiares da jornalista em comunicado publicado no Twitter, defendendo que as autoridades norte-americanas têm a responsabilidade de investigar "quando um cidadão americano é morto no estrangeiro, como é o caso de Shireen, por um exército estrangeiro".
A jornalista e grande repórter da cadeia televisiva do Qatar Al Jazeera, equipada como colete à prova de balas e a menção "Press", foi morta com uma bala na cabeça.
O exército israelita, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, reconheceu em setembro, e pela primeira vez, existir "uma forte possibilidade" de que tenha sido morta por um dos seus soldados.
O porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, sublinhou na ocasião a "importância de determinar as responsabilidades neste caso" para evitar que se repita.
Alguns dias mais tarde, o primeiro-ministro israelita Yair Lapid, manifestou oposição a que o soldado acusado de ter disparado seja submetido a julgamento.
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