Também segundo a agência noticiosa France Presse (AFP), várias unidades da polícia foram posicionadas à entrada de Djerba, ilha no centro leste da Tunísia, para impedir o acesso dos manifestantes que, em dezenas de carros e motocicletas, atravessaram a ponte que liga a ilha ao continente.
A polícia utilizou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, alguns dos quais atiraram pedras contra as forças de segurança. Alguns agentes policiais pediram aos manifestantes para que regressassem novamente pela ponte à parte continental do país.
Após tensos confrontos a cerca de cinco quilómetros do início da única ponte que dá acesso a Djerba, os manifestantes recuaram para a cidade de Zarzis, localizada a cerca de 10 quilómetros mais a sul, onde ocorreram novos protestos e desacatos com a polícia e com agentes da Guarda Nacional, relatou o correspondente da AFP destacado no local.
Na noite de 20 para 21 de setembro passado, uma embarcação precária e improvisada que transportava 18 migrantes tunisinos a caminho da costa italiana desapareceu após deixar Zarzis (sudeste). Desde então, apenas oito corpos foram encontrados.
Os familiares dos desaparecidos, apoiados por moradores e pescadores de Zarzis, têm organizado várias manifestações que têm reunido milhares de pessoas para pressionar as autoridades a intensificar as buscas, de forma a encontrar os 12 migrantes que ainda estão desaparecidos.
A 18 de outubro, a população local organizou uma greve geral em Zarzis para exigir uma investigação sobre o naufrágio da embarcação, bem como ao enterro apressado de alguns corpos num cemitério privado ("Jardin d'Afrique" -- "Jardim de África"), geralmente reservado para os migrantes subsaarianos.
As delegações dos 88 membros da Organização Internacional da Francofonia (OIF), que decorrerá no fim de semana na presença de cerca de 30 Chefes de Estado e de Governo, começaram a chegar à ilha turística de Djerba, que conta com aeroporto próprio.
A Tunísia recebe o encontro após dois adiamentos, o primeiro em 2020, devido à pandemia de covid-19, e, depois, no outono de 2021, após o golpe do Presidente tunisino, Kais Saied, acusado pelos opositores de ter posto fim a uma experiência democrática única no mundo árabe.
Após meses de bloqueios políticos, Saied suspendeu o parlamento dominado pelo movimento político islamita Ennahdha e demitiu o Governo a 25 de julho de 2021 para assumir plenos poderes, abalando a jovem democracia no país, onde começou a onda de revoltas que ficou conhecida por "Primavera Árabe", em 2011.
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